domingo, 10 de março de 2013

A calçada é a riqueza das ideias.

Pareço meio perdido, mas entenda, a história não é bem assim. Na verdade eu sei bem o que quero, só que à vezes eu preciso de um tempo, então, saio de casa, bebo alguma coisa em um bar qualquer, com qualquer um(a), em qualquer canto. O que me move são os sentimentos, não adianta. Já tentei não fazer parte desse mundo, desse momento. Já tentei fingir não fazer mais parte da vida de alguém, mas acabo sempre em um resultado matemático de um conjunto vazio. Aí eu sinto um pouco de saudade, um pouco de dor. Tento rezar, mas parece que minhas preces são em vão. Não sei. Maldito tempo que não passa nunca. Às vezes, saio dos bares acompanhado e feliz, mas minutos depois parece tudo isso ser tão pouco, tão vazio. Prendo o choro, seguro as lágrimas, seria constrangedor chorar na presença de uma pessoa que se dedica a nós sem saber de nada. Porque tudo parece ter uma razão escondida em um útero de consciência inatingível. Vez ou outra sento na calçada e penso na vida. Ali, no meio fio, mesmo. Alguns insistem em chamar este lugar de sarjeta, mas é tão grotesco, tão pobre, como diria Caio Fernando Abreu: "de uma pobreza alagoana", que eu prefiro ser simples e dizer: calçada. Porque, no fundo, a calçada é a riqueza das ideias. É ali, infelizmente ou felizmente, que a razão parece brotar do absurdo. Não sei se faz sentido, mas se os psicólogos colocassem os seus divãs nas calçadas, eles teriam mais sucesso. Ah! Essa vida de altos e baixos. A montanha russa que não para. Tento manter uma conversa com alguém, mas meu eu lírico sempre se apresenta em um momento do assunto e acabo falando coisas que nem sei se queria dizer e me envolvendo como ela, como ele, como nós, como alguém desesperado, como alguém que tenta achar a razão de tudo, sem ter nada. Com tudo nas mãos. Com um mundo para explorar.

Nenhum comentário: