quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Microfonia e afinação.

Projeto Clicks&Teclas apresenta:
Se a vida é um show, quem é o verdadeiro artista que sobe ao palco para cantar? Alguns dirão que somos nós mesmos. Outros, que é Deus. Outros que é o destino. Os mais ousados dirão que é a união de moléculas e a explosão do Big Ben. Acredito, e aí é uma opinião pessoal, que o verdadeiro artista é a união do que somos e o que deixamos de ser. Talvez, o cantor é o resultado, a consequência do que nos tornamos. É a soma do passado com o presente, formando um resultado inesperado. Palavras clichês cheias de filosofia. Um psicanalista, lendo este texto, poderia dizer que tenho problemas ou que ando lendo muitos livros de psicologia ou, quem sabe, fazendo o uso de alguma substancia ilícita. Mas incito as pessoas a se perguntarem: “quem é o artista da sua vida?” Será o amor a estrela do show? Ou, quem sabe, a falta dele? Ou, melhor, a esperança de um dia sermos só amor? Mas, voltando à minha ideia, sigo o viés de que o artista é a consequência inesperada de nós mesmos, aquela que nos faz parar, pensar e dizer: “quando que eu estaria fazendo-dizendo isso”. Talvez, em outras palavras, o artista principal da nossa vida seja a sutil surpresa, o inesperado, o inabitável e assustador ponto de exclamação que não conhecemos. Entretanto, para chegarmos a este ponto, passamos por tantas vírgulas, tantos pontos-finais, tantos de interrogação, tantos pontos-vírgula e até os dois pontos. Por isso, o resultado é o nosso artista. O artista que ninguém conhece. A transformação. Está ai o nosso artista: transformação. A mutação rotatória de nós, seres pensantes. A ideologia mutável, questionável de nós mesmos sobre nós. Sobre quem fui, quem sou e o que serei, quem serei, como serei, quando serei. Todos têm um artista preferido, mas poucos interpretam bem suas canções. Foto: Glênio Freitas Jr. Texto: Matheus Bandeira

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Coisas.

É como se tivéssemos algo concreto, sólido em nossas mãos e de repente o objeto virasse pó e suas partículas caíssem no chão e rapidamente tudo se desfizesse, ficando o chão limpo, como se nada tivesse acontecido, como se fosse tudo uma miragem, como se fossem apenas pensamentos, delírios, devaneios, lembranças de um passado ou uma alucinação de um presente. É como se rapidamente o copo secasse sem que tomássemos um gole do líquido que estava nele, como se evaporasse sem que percebêssemos, como se o vento levasse o vapor e nada sobrasse... Nem o líquido, nem o sabor, nem o copo. Nada, nada. Nada de tudo aquilo que tínhamos ou que temos. O que temos é um emaranhado de pensamentos frenéticos gritando em nossas mentes inquietas, tomadas por algum tipo de alucinógeno que nos transporta a um mundo totalmente diferente daquilo que realmente queremos ou desejamos, fazendo com que a ressaca do outro dia seja um conjunto vazio de sentimentos, de atos e de olhares. É como se nada houvesse para contar, como se tudo aquilo fosse uma mentira inventada por uma criança feliz, que brinca de ser o que não é. É como se o dia, as cores, as pessoas, as casas, os prédios, as ruas e os carros, a rotina, enfim, fosse tudo um cenário, um palco de artistas, que sabem que tudo aquilo não é a vida real, que é uma encenação, uma interpretação, uma grande trama disfarçada, a qual só eu não sei que é uma novela mexicana, onde eu sou o mocinho, o enganado, o grande idiota. O grande bobo com um sorriso amarelo, com fatos de outros, com expressões vendidas, com verdades mentirosas para contar. É como se fosse um quebra-cabeça que poucas peças se encaixam, que os encaixes mudam de formato numa velocidade incrível. É como se algo que não sei acontecesse e não existe explicação, motivo ou planejamento. Apenas acontece, no singular ou plural - tanto faz. É como se os móveis trocassem de lugar sem meu comando, meu movimento, sem o barulho da estante arrastando no chão de tábuas, sem os arranhões da mesa de jantar no piso de madeira, sem os barulhos dos vasos de vidro trepidando com as mudanças nada sutis de lugar. São perfeições de um sistema desconhecido que não me faz conhecer o seu porquê. Conheço apenas o intangível, o transparente, o vago e intocável vácuo de coisas sem explicações plausíveis, com denominação imperfeita de "coisas".

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A luz da esperança

Projeto Clicks&Teclas apresenta: A luz da esperança. (foto: Glênio Freitas Jr.) E quando a realidade se mostra o que fazemos? O que fazemos quando tudo não passou de uma ilusão? Resta-nos a esperança. Talvez a tal luz no fim do túnel seja aquela vela guardada em um lugar estratégico na casa, onde e quando a luz elétrica se apaga inesperadamente, recorremos a ela, do mesmo modo quando enxergamos a realidade das coisas e salta-nos a esperança de que dias melhores virão. Dias melhores com luz elétrica para desfrutarmos de seus prazeres e luxos. Dias melhores com luz do sol, sem a escuridão bucólica da noite. Luz dos olhos brilhantes de alguém, que em determinado momento poderá, repentinamente, apagar a vela, com um sopro sutil, e deitar-se ao nosso lado na cama. Dias de sorrisos infantis, colorindo, abrindo espaço, chegando displicentemente, como o dia mais florido de primavera e o mais quente de verão. Quando nos é apresentada a tal realidade, que nos sussurra palavras cruéis, ao pé do ouvido, que tem gosto de fel, resta-nos, felizmente - e aí é uma questão de fé e de esperança - pegarmos uma vela e acendermos, esperando os dias melhores que com certeza virão.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Uma mentira silenciosa.

O silêncio é uma coisa sem som que não existe. O silêncio é uma mentira. Não existe. Nem mesmo em plena solidão de um terrível agosto o silêncio será encontrado. Só ou acompanhado, qualquer som será emitido por qualquer coisa que seja. Poderá ser algo que passa na rua, um cachorro latindo ao longe, o vento soprando, alguma risada abafada pela distância ou até mesmo o som da solidão, que se traduz pela insistente mania que temos de respirar. Mesmo na solidão, estando em silêncio, nunca estamos em um total estado silencioso. Mexer-se faz barulho. Coçar-se faz barulho. Obviamente que nada se compara entre o som calmo de uma tarde na praia, escutando, apenas, as ondas e algumas gaivotas, ao frenético barulho de buzinas histéricas, motores gaguejando e pessoas gritando em uma rua dessas do centro da cidade. Mas, daí, parto do princípio que o silêncio é confundido com o descanso dos ouvidos exaustos. Nossos ouvidos não servem como lixeira para tanto material sonoro não reciclável que tem por aí. Também não servem para não serem usados. Talvez, poderão ou podem ser utilizados como as bebidas alcoólicas: com moderação. Mas a verdade é que mesmo sós, mesmo no aconchego do quarto e sozinhos, mesmo distantes da bagunça auditiva, o silêncio não existe. Suponhamos, então, que ele exista, ou seja, significa dizer que nossos pensamentos, preocupações, ansiedades, enfim, tudo isso é silencioso dentro de nós? O silêncio foi inventado, logo, uma falsa ideia sobre estar em paz. Foto: Glênio Freitas Jr. Texto: Matheus Bandeira.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

E eu: me conheço?

E eu? Tenho a tendência natural de analisar os outros pelos seus traços mais expostos de expressões ou de personalidade, mas e eu? Não costumo me analisar. Talvez eu fuja de um possível encontro de mim comigo mesmo e, quem sabe, me conhecer não seja tão bom assim quanto parece ser. O conhecimento pessoal transcende qualquer coisa, busca os pontos mais obscuros e traduz em saber o que está escondido à sete chaves o que, inconscientemente, escondemos. Conhecer-se é dar a luz aos nossos olhos daltônicos, é atravessar um bosque cheio de dúvidas cruéis a respeito de si e do mundo. E, acreditem, isto é muito mais profundo. Requer uma meditação trabalhosa, vagarosa e pode ser que o resultado não seja satisfatório. Saber se enxergar é muito mais do que se ver. É a possibilidade de ter o conhecimento dos seus pensamentos mais insanos, sórdidos e loucos e das suas ações mais inesperadas, que, no momento do autoconhecimento, não se tornam mais tão inesperadas assim. Saber, conhecer os outros é fácil. Partimos do momento em que aquela pessoa apresenta o resultado da ação, então, de certa forma, fica fácil raciocinarmos, julgarmos quando temos uma fórmula pronta. É como um cálculo de matemática com o resultado. Entretanto, conhecer-se transcende qualquer fórmula, qualquer processo imaturo. Saber quem você é ou quem deixou de ser é a complexidade resumida. É um resultado inesperado de ações tuas. Poderás te sentir um idiota depois de saber quem você é. Porém, poderás te sentir extremamente feliz e, quem sabe, um rei ou uma rainha. Poucos são os que se deixam conhecer-se. Talvez para não haver qualquer decepção. Os que conseguem merecem aplausos. Mas, e eu? Foto: Glênio Freitas Jr. Texto: Matheus Bandeira.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Mulher Sem Ser Frágil.

A arte da conquista: as mulheres dominam. As mulheres sabem como tratar um homem, sabem ser elegantes, sabem dizer o que querem, sem nem mover os lábios. As mulheres são inteligentes, tendenciosas às belezas românticas, dignas de admiração. Salvo alguns casos, mas, em geral, as mulheres sabem conquistar, a maneira como conquistar. A mulher, comparando, talvez, esdruxulamente, é o dia de calor, enquanto o homem é, somente, o mar. Sem o calor do dia, o mar não é nada senão o mar, com algumas razões para existir, mas sem emoções profundas. A mulher olha com mais atenção, cuida com mais zelo, ama mais intensamente, faz amor com amor. Alguns podem chamar-me de feminista, mas não é esta a intenção. Até mesmo porque não existe o homem sem a mulher e nem a mulher sem o homem, tendo como parâmetros as relações heterossexuais. Não existe um sem o outro, pelo simples fato de não conseguirmos sobreviver sem a pura graça delicada e irracional do amor. E nisto, meus amigos, as mulheres são profissionais. As mulheres são sensatas nas horas inesperadas, sentimentais quase sempre e isto não é defeito, pelo contrário, a honestidade é admirável. As mulheres sabem traduzir seus desejos em suspiros, gritos, sussurros e gemidos. Sabem traduzir suas raivas em gritos, lágrimas, palavras e amores avessos. Sabem traduzir a paixão em olhares perdidos, em sorrisos alegres, em elegância aflorada, em simples cantorias pelo dia, mesmo que seja de chuva. Também traduzem como ninguém as dores, sejam elas de perda, de desilusões, de amores não correspondidos, de coisas que as machuquem. As mulheres são verdadeiras. Sempre serão. E, sem dúvida nenhuma, não são o sexo frágil. Basta termos ciência de que na conquista, a mulher é professora. Serve tal argumentação? Sim. Enquanto os homens pensam em conquistar, as mulheres agem delicadamente. Elas possuem a sensualidade no olhar, na voz, em como se portar. Sabem fazer o que tiver de ser feito na hora exata. Sabem ser sexy sem ser vulgares. Sabem ser contidas, sem ser bucólicas. Sabem ser mulheres sem ser frágeis demais. As mulheres fazem o que querem com os homens e isto é fato. A arte da conquista: as mulheres dominam. FOTO: Glênio Freitas Jr. TEXTO: Matheus Bandeira.

Projeto Clicks&Teclas

Acredito que todas as imagens falam por si, elas transcendem o papel, captando uma ideia real, porém, sem história, com a que a pessoa que a analisa, tem. Daí surge a interpretação e este processo varia para cada intelecto. Porém, contrariando esta teoria artística, fui convidado por um grande amigo Glênio Freitas Jr, o qual tenho um respeito e admiração ímpar, a escrever textos que exteriorizassem as realidades mostradas nas fotos que, diga-se de passagem, muito bem enquadradas, perfeitamente capturadas e de uma sensibilidade incrível. Juntando o magnífico trabalho do Glênio com as minhas palavras, estamos apresentando o Projeto Clicks&Teclas, onde serão expostas duas fotos por semana, juntamente com um texto em cada uma, para brincarmos um pouco com a rotina e com nossas percepções sobre as coisas, as pessoas e o mundo. Tal projeto poderá ser visto através dos nossos endereços eletrônicos e não tem qualquer itinerário, ou seja, qualquer caminho pensado ou idealizado, senão a divertida brincadeira que se chama “vida”. Com a brilhante habilidade do Glênio para com as imagens capturadas e com as minhas palavras e frases, remontando a realidade das fotos, convidamos vocês a nos fazer uma visita e a brincar, também, neste universo nada paralelo. Espero que a diversão para vocês seja tão real quanto está sendo para nós. Os endereços para as visitas são: Glênio: Blog Randon Life http://randomlifegleniofreitas.blogspot.com.br/ Facebook:https://www.facebook.com/gleniofreitas; Flickr: http://www.flickr.com/photos/gleniofreitas/ Matheus: Facebook: http://www.facebook.com/matheus.bandeira.37 Blog Matheus Bandeira, Captando Palavras: http://www.matheusbandeira.blogspot.com.br/.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Coadjuvante de mim mesmo.

Já não te tenho há um bom tempo, aliás, nunca te tive. Nós apenas namoramos durante um período, mas, ter, no sentido de posse, nunca. Este "ter" que falo é no sentido de estar perto, de sermos companheiros, de sermos amigos, de nos olharmos, de nos amarmos, de eu poder contar contigo nas minhas horas de tristeza, que estão sendo muitas, por sinal. Não te vejo, também, há tempos. Promessas de um futuro perfeito me vem na cabeça, fazendo tudo girar, vozes gritam dentro de mim,tua voz sussurra ao meu ouvido e não nos olhamos mais na cara um do outro há dias, meses. Como pode ser assim? Lembro de tudo o que passou e fico confuso pelo simples fato de não termos mais nada e no passado tínhamos tudo, absolutamente tudo. Tua risada na cama, deitada, me abraçando e me beijando as costas. Hoje já não sinto mais aquelas mãos, me descobrindo, me desenhando, aliás, ninguém mais me tocou. Não seria a mesma coisa, não seria justo, não seria eu. Estaria contigo na cama com alguém que, provavelmente, teria um orgasmo fecundado em mentira. As coisas ainda me lembram, me fazem pensar em ti. Uma piada parecida com as que tu contavas basta para eu me fechar e pensar que tínhamos um ao outro e hoje temos tudo e não tenho nada. A comida preparada, os lugares e algumas pessoas me fazem lembrar de ti e aí elas começam a falar e eu começo a notar que elas ficam mudas. Os lábios continuam mexendo, aparecem os dentes, os olhos se espremem, conforme o jeito de cada uma, e eu me transporto até a ti. As pessoas que conversam comigo, no momento do diálogo, se transformam em meros coadjuvantes de uma conversa minha comigo mesmo. Tudo fica meio cinza, quando me transporto a ti, quando me lembro de ti e não pelo fato de seres tu, mas, sim, pela realidade cruel que é ter de aceitar que devo te amar em silêncio. Isto é uma violência sem tamanho. Uma tristeza profunda e uma insatisfação crônica. É como destruir os sonhos de uma criança que ainda acredita em Papai Noel. Trazê-la para a realidade de uma forma abrupta, grosseira, violenta. Às vezes, porém, eu esqueço, ou melhor, não lembro. Faço coisas diferentes, aleatórias, e sou feliz. Penso que seria mais feliz se... Se não houvesse o "se". Talvez o cinza seria colorido ou talvez textos como este não existiriam, mas a vida seria sem graça ou, quem sabe, com uma graça que só de pensar dá vontade de sorrir. Mas como esquecer do grande amor? Por enquanto, impossível.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Um nada sutil eu.

Estes dias estava pensando nas coisas da vida, no que aconteceu e o que foi acontecendo, como consequência. Pensei em mim. Pensei em mim em todos os ângulos sem mover minha cabeça um grau sequer. Lembrei de mim há dois, três ou até quatro anos atrás. Bateu saudade, ao mesmo tempo em que pensei que aquele eu não existe mais e o que eu tenho agora, em mim, é alguém melhor. Não estou falando isto para me promover ou aumentar meu ego ou qualquer coisa do gênero. Mas, a cada ano que passa, estamos, ou melhor, nos tornamos pessoas mais interessantes. As pessoas que vão passando por nossa vida deixam algo e aprendemos com isso, um livro que lemos, um programa de TV que assistimos, enfim. Tudo é motivo para aprendermos. E, por isso, sou convicto de que sou uma pessoa melhor que antes. Pensei mais sobre meus relacionamentos, como foram e como serão, os que tiverem de ser. Lembrei de cenas engraçadas, de amores prometidos, de "para sempre" não cumpridos, de coisas que vivi. Depois pensei nos meus amigos, os de verdade. Sim, eu tenho amigos que não são de verdade, os companheiros de festas, de cervejadas, de piadas no fim da noite. Meus amigos sempre companheiros de qualquer coisa, de qualquer indiada, de qualquer situação. Como sou grato por não ter somente um, dois ou três amigos. Tenho alguns, não muitos, mas o suficiente. Dizem que librianos têm esta facilidade em socializar com diversas pessoas. É verdade. Pensei em como estou agora. Vivendo e não mais sobrevivendo. Sorrindo e não mais inventando desculpas para fazê-lo. Sentindo e não me matando. Pensei em mim de maneira bem egoísta. Em tudo, em todos os setores da minha vida. Tenho feito amizades e as aproveitado constantemente, seja por telefone ou visitando todo mundo que, em mim, cativa algo bom. Tenho me aproveitado mais. Tenho me resgatado e feito tudo aquilo que quero fazer, com meus limites, obviamente. Com vinte e quatro anos, quase vinte e cinco, tenho algumas experiências e saberei contá-las a quem quiser saber da maneira certa, sem interferências, influências ou qualquer outra coisa. Tenho uma visão muito minha sobre tudo, embora permaneça em meu silêncio, vejo muitas coisas, anoto, mentalmente, algumas palavras, rabisco frases e concluo. Sempre concluo. Formado em direito, busco a justiça não só em papéis e processos mofados. Isso é um lema da minha vida. Tento ser o mais justo possível. Às vezes consigo, às vezes sou humano. Falando em ser humano, tenho meus erros, claro. Mas entre eles, há muitas qualidades que não tenho motivos para elencá-las aqui, neste momento. Basta me conhecer para justamente me conhecer e ver que não estou mentindo. Que erro, que acerto, que luto, que fujo, que finjo, que choro e que oro. Também não sou nenhum desesperado que ri de tudo. Não. Já passei desta fase e, agora, dou risada daquilo que é exatamente engraçado, que me faz rir e até chorar de rir. Um nada sutil eu, que brinca e que se irrita com coisas que na maioria das vezes, passa despercebido por outras pessoas. Talvez eu seja sensível demais ao mundo ou aos olhos de quem me vê, mas isto eu não levo em consideração, porque eu, graças a mim, sou eu mesmo. Nietzche teria orgulho de mim com esta frase, mas é verdade. Um ser que chora, que ri, que se diverte, que tenta se divertir, que ama, que é inundado de sentimentos. Um cara que não sabe viver sem perguntas e sem respostas. Um ponto interrogação depois de um "porque" é muito comum e eu adoro isto. Com dúvidas, inseguro, irritável, libriano. Estas linhas me fazem. Estas palavras me traduzem. Outras seriam exagero. Talvez o texto fale por mim. Acho que sim.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A Rosa Monique

É como uma rosa vermelha em seu mais perfeito momento, estado. Em sua mais perfeita cor, textura, vida. Linda sem exigir nem exibir nada além do que, simplesmente, é: bela. Os espinhos existem para poder segurá-la, lembrá-la que a realidade não é somente a seda vermelha que a envolve. A protegem das desventuras da vida e desafiam os que tentam arrancá-la do seu pé, tirá-la de si mesma. Vermelha, sexy. Quente. Lembra o prazer. O pecado capital. A pele que brota a sensualidade livremente. Na baforada de um cigarro, mostra toda sua feminilidade e inocência. Parece estar escrita nas folhas de Jorge Amado. A elegância, a simpatia, a luz e a sutil e inseparável sensualidade a faz.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

My way.

Arrumou a mala e partiu. Antes disso, tomou um banho, escovou os dentes e se foi. Numa mão, segurava a mala pesada, enquanto que na outra segurava um cartão vermelho. Era madrugada quando decidiu partir. A chuva insistentemente fria batia em seu rosto, lavava seu corpo, praticamente o impedia ou, pelo menos, tentava o impedir a seguir seu caminho. Ele não pensava em nada além dela. Entregou-se aos seus pensamentos de uma maneira verdadeira e acreditava que estava certo. Deixou para atrás seus pais e amigos. Emprego e bens materiais. Desiludido, pisava com vontade nos seus sapatos pretos, encharcados pela chuva. Seus passos curtos e rápidos o levavam para a fuga mais necessitada da sua vida. Estava fugindo da felicidade que outrora provara, que outrora tinha em suas mãos. Chegou na rodoviária com olhar triste, amargurado, quase chorando, mas sério, sóbrio, decidido e sentou em um banco, protegendo-se da água que caía torrencialmente do céu. Acendeu um cigarro e deu-se por conta de que ele era seu único companheiro. Uma amizade fatal. Recostou a cabeça no encosto do banco e começou a lembrar do que vivera naquela cidade, mais precisamente nos seus últimos dois anos. Lembrou dos amigos, dos copos de uísque, das festas, dos momentos com a sua família, com seus cachorros e até dos que passara sozinho. Lembrou de sua amada. Uma lágrima rolou quando de repente ouviu uma voz dizendo: "te amo para sempre". Ele a imaginara ao seu lado, naquele banco frio, naquela madrugada fria e chuvosa. Estava sozinho. Sozinho com seu cigarro que queimara todo no meio de seus dedos, mas que por estar longe dali nem lembrara que já tinha chegado ao fim. Lembrou das flores, dos poemas, dos textos, das risadas, da separação, do amor que ainda sentia por ela e que não diminuíra um milímetro se quer. Mas não fazia mais sentido. Nada mais tinha sentido. Lembrou de frases ditas, frases românticas, tão sinceras, tão lindas e chorou. Pousou seus cotovelos nas pernas, baixou a cabeça e chorou. Chorou tanto, que os soluços foram inevitáveis. Já não via sua amada há meses e esperava um contato a qualquer minuto. Olhava o celular a todos os momentos, mas nada aparecia e quando aparecia eram mensagens da operadora. Continuou chorando e lembrando dos bons momentos vividos, que só restavam ser esquecidos, mas esquecê-los estava sendo praticamente impossível. O ônibus chegou e ficou ali por alguns minutos até o motorista anunciar o destino. Então ele se levantou, foi até o guichê de passagens e comprou um bilhete. Subiu no ônibus sem nem saber para onde estava indo. Estava perdido. Na mão direita o bilhete, na esquerda o cartão vermelho. Sentou na sua poltrona e lembrou de palavras e frases como: "para onde tu fores, eu vou". Fechou os olhos e a imagem dela lhe fitando, com um sorriso não saía da frente de seu rosto. Lembrou dos seus beijos apaixonados e a imaginou com outros homens. Sentiu o peito apertar, o sufocar e chorou. O motorista deu a partida e ele encostou a cabeça no vidro do ônibus. Olhou para a rodoviária na esperança de que sua amada tivesse ido lhe dar tchau ou lhe pedir para ficar. Mas não tinha ninguém, só um cachorro encolhido, perto do banco onde estivera sentado por alguns minutos. As lágrimas caiam dos seus olhos como água em torneira. Pegou o cartão e leu as palavras escritas. Apertou o mesmo contra o peito, leu de novo e sussurrou: "estou fugindo de você, meu amor".