terça-feira, 30 de novembro de 2010

Matheus Bandeira Convida II

Continuando com a brincadeira: devo convidar, agora, um grande amigo meu para nos encantar com a sua forma fabulosa de escrever. Com seu jeito peculiar de falar sobre diversos assuntos, embelezando as páginas de seu blog, o Leandro Moreira é o meu próximo convidado a escrever para o "Matheus Bandeira Convida!"



Espero que gostem dos textos de um dos blogueiros que mais leio.

Eles Não Foram Nem Capazes de se Odiar. (Paola Cunha)

Apresento, agora, o texto escrito pela minha primeira convidada, Paola Cunha. Desde já, agradeço por ter atendido ao convite de forma tão carinhosa, como sempre.

Ela tinha que continuar a vida dela, e ele queria simplesmente continuar a vida dos dois. Era aquele tipo de casal que não tinha semelhança nenhuma, mas um amava o outro demais. Ela era o tipo de menina que tinha um futuro lindo pela frente e ele o sozinho, o que já tinha deixado de acreditar em tudo. Ele tinha uma vida tão vazia, faltava alegria, faltava carinho e o único que sobrava era o amor. Este um pouco com medo, mas um amor tão verdadeiro que era capaz de tudo, menos de suprir as suas faltas. Já ela, sempre cheia, rodeada de pessoas, de amigos verdadeiros, de risadas, de conquistas. Ele o tipo pessoa que ela nunca quis e ela a namorada que ele sempre esperou. Até que a vida se encarregou de juntá-los. Ela resistiu, mas acabou se entregando. Ele da vida vazia passou a ser uma pessoa cheia, entusiasmado com o futuro e se tornou forte o suficiente para enfrentar os obstáculos. E a vida passou, ele realizou um dos seus maiores sonhos e o mérito era todo dela. Eles eram tão diferentes, mas tão diferentes, que discordavam até que o céu era azul. Mas existia um conjunto de semelhanças que parecia que já tinham se encontrado em outras vidas. Ela sempre cheia de razão, mas com argumentos para justificá-las, ele o libriano nato, que queria ter a razão a todo custo pra si. Ela sempre tentou mostrar o melhor caminho e ele só achando que o seu caminho é o certo. E a vida passa. Ela tenta, ele foge. Ele foge, ela tenta. Até que um dia os dois resolveram fugir. Haviam chegado a um ponto em que não tinha mais felicidade, não tinha mais harmonia, de tudo que construiram só havia restado o amor. Este o único que não morre! Não quando é de verdade. Até que chega o dia do fim dos dois. O fim mais doloroso que ele poderia sentir, mas o mais verdadeiro. E mesmo sendo um fim... O mais harmonioso. Um fim cheio de pontos, que mais se tornaram reticências. Mas um fim tranqüilo. Eles, ainda amigos. Amigos de verdade. Amigos de alma. A tranqüilidade e a harmonia às vezes tornam a dor maior, porém, é o que torna o sentimento mais verdadeiro. O amor era tão grande que não deixou espaço nenhum para qualquer outro sentimento, muito menos o ódio e a mágoa.




Ao querido amigo, Matheus Bandeira, que carinhosamente me convidou para participar do seu blog. Espero que aprecies o texto.
Paola Cunha

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Bar, Doce Bar.

De noite, fui ao mesmo bar que freqüento há anos. Lá, ao chegar, sentei junto ao balcão e rapidamente fui pedindo uma taça de carinho e aperitivos de sinceridade. Fui atendido prontamente, como sempre. Tomei a primeira taça e pedi mais uma. Mais uma. Mais. Mais. Mais. Quando já estava embriagado de carinho decidi ir para casa. Cambaleando, pela rua, comecei a pensar em algumas coisas sobre a vida. Aliás, todo ébrio reflete sobre a sua vida e pergunta-se como ela está. Chegando em casa, tomei um remédio e fui deitar. Na outra noite, retornei ao mesmo bar e bebi a mesma bebida e comi a mesma coisa e isto se repete há vários anos. Conheço e muito os frequentadores deste bar. Eles sabem toda ou quase toda a minha vida. Temos um vínculo criado, imaculado pelas veias do tempo, pelo companheirismo de tantos anos dividindo o mesmo bar e, praticamente, a mesma vida. De repente, este vínculo não deveria ser tão estreito ou eu deveria ter mais liberdade para escolher outros bares pela cidade, afinal, não existe apenas um. Ele não é o único. Então, decidi que naquele momento deveria gozar mais da minha liberdade, das minhas escolhas e acreditar nelas, pois há tantos bares e aquele que frequento há tanto tempo já apresenta rachaduras e sua estrutura parece tão frágil. Apesar do luxo, aquele bar merece uma reforma, uma obra. Assim, procurei outros locais para me refugiar. Li alguns anúncios no guia local e decidi frequentar um no centro da cidade. Lá fui tratado como queria. Livre, porém, com zelo. Não haviam músicas melancólicas e nem bêbados gritando, falando alto, como no outro sempre houve. O meu atual bar era de outro nível. Pessoas mais jovens o frequentam. Talvez seja um bar de universitários. Não há o mesmo luxo do outro, porém, aparenta ser um pouco mais aconchegante. Logo que cheguei, pedi uma dose de liberdade com cubos de gelo e alegria para comer. Prontamente fui servido. E durante alguns dias, todos os dias, lá estava eu bebendo a mesma coisa e comendo a mesma opção do cardápio. Outros clientes de outros bares me convidaram a frequentá-los, porém, educadamente, apenas, agradeci. E, neste bar, fiquei algumas horas, sozinho, pensando na vida. Embriagado de liberdade e embuchado com a alegria, decidi que deveria retornar ao velho bar. Não poderia, simplesmente, não ir mais lá. Seria muita falta de consideração, afinal, os frequentadores dele sentem a minha falta. Talvez, eles devem avistar a minha cadeira e a minha mesa vazias, sem ninguém, sem a minha presença e, possivelmente, se perguntam onde e como estou. E, de repente, entrei no velho bar. Vi que minha mesa, meu canto, minha cadeira, estavam limpas. Minha recepção não foi tão calorosa, porém, me ofereceram uma dose de sorriso, de amor, de carinho e amizade, sinceridade e liberdade para comer. Me senti bem, de novo. Não havia música e nem clientes. Estava sozinho no bar, no velho bar de sempre, novamente.

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Agradeço imensamente à Geniffer Silveira por ter me acolhido na sua casa durante alguns dias, ao Leandro Moreira pela sua amizade e cuidado, à Regina Guimarães pela amizade e sinceridade de sempre, à Daniela de Andrade pela amizade e cuidado, ao Renan Juliano pelo cuidado, ao João Medeiros pela amizade e preocupação, ao Vinícius Rodrigues pela amizade e solidariedade, à Priscila Mukai pela amizade e preocupação, ao Pierre Machado pela solidariedade, à Nathalia Ramos pela amizade e carinho, à Vânia pela carinho em tão pouco tempo, ao Graciliano Marquês pela amizade e companheirismo, enfim, obrigado a todos aqueles que, de certa forma, me fizeram bem em algum momento.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Matheus Bandeira Convida.

O espaço "Matheus Bandeira Convida" é para que possamos ler os textos de outras pessoas, também, e não só os meus. Vamos ampliar as nossas escritas e leituras. Lembremos que vivemos em uma democracia, portanto, nada mais coerente é abrir um espaço para que meus queridos seguidores também façam parte do blog. Será publicado qualquer tipo de texto e será feito através de convite.



A primeira convidada a escrever no espaço "Matheus Bandeira Convida" é a minha querida amiga, Paola Cunha, que sempre me seguiu e leu meus textos. Então, delicie-se com as belas palavras desta guria que escreve muuito bem.

Até.

domingo, 14 de novembro de 2010

Dança Comigo?


Então, não mais que de repente, ele estendeu sua mão e pediu para dançar uma música. Uma música, apenas. Por um momento, ele até achou que a doce e delicada mulher fosse negar seu pedido, porém, se surpreendeu com o sorriso de um sim. Durante alguns minutos passaram-se cenas de uma vida inteira na mente inquieta dele. Cenas, estas, que a mulher com quem dançava fazia parte. Ele a abraçou mais forte e o ritmo da melodia romântica levava os dois para, quem sabe, às nuvens ou para um lugar qualquer, longe dali, longe da realidade, longe da cruel realidade. Nestes minutos, que ele não queria que terminassem nunca, ela o abraçou, encostou sua cabeça no ombro e entregou-se ao tal como nunca tinha o feito antes. Não falaram nada. Apenas dançaram e quando a música findou-se, os olhos dois fitaram-se e um abraço delicado e cheio de carinho aconteceu. Um abraço que não é dado sempre, pois a rotina turbulenta dos dias capitalistas de hoje impedem que cenas de afeto, como estas, aconteçam. E durante aqueles segundos ele falou, meio que sussurrando: te amo. Ela, então, olhou para ele e com um sorriso nos lábios, lacrimejou e o choro rolou no seu rosto, deixando cair uma gota de lágrima. Choro de medo. Medo do incerto futuro. Medo da dor. Medo de não mais ver seu amor, seus amores, sua vida... Quando, daí, numa fração de segundo, ele sorriu e disse num tom encantador: estou aqui. Não chore. Assim, os dois se separaram, a rotina tomou conta novamente e cada um seguiu seus compromissos diários, deixando, mais uma vez, escapar o fascinante romantismo e carinho sentido pelos dois.

OBS: para minha amada mãe, Leda Bandeira de Carvalho.