terça-feira, 29 de junho de 2010

Regina

Me xinga. Me bate. Me aperta. Me morde. Me arranha. Me beija. Me abraça. Me sufoca. Me ama. Me fala. Me cala. Me abala. Me mata. Mata de rir, de existir, de viver e de ver. Me joga pra cá, pra lá. Me bate e me joga na parede, me chamando de lagartixa. Me invade, me suporta, me conforta, me aquece. Me congela. Me invalida. Me deixa bem. Me deixa de bem. Me esquece. Me lembra. Me paga. Me cobra. Me cuida. Me abstém. Me deixa. Me larga. Me envolve. Me queixa. Me deseja. Me mantém. Me exalta. Me falta. Me sente. Me mente. Me inventa. Me conta. Me monta. Me pega. Me seduz. Me reduz. Me encaixa. Me estupra. Me passa as mãos. Me come. Me transa. Me ordena. Me acena. Me sorri. Me gargalha. Me faz sair. Me faz ficar. Me tem. Me obtém. Me chega. Me vem. Me vai. Me reza. Me cancela. Me regenera. Tantas coisas. Tantas pessoas em uma só.

Geonina, Boteco, Feriado e Maria Rita.

Pessoas interessantes e conversas animadas ao pé da mesa com duas panelas de fondue no fogo. Amigos reunidos e o frio chegando. Folga para assistir ao jogo do Brasil e vê-lo ganhar. Perfeito! Geonina? Será? Quem vai? Centro! Mais amigos e uma conversa sensata e um tanto quanto triste. Sempre há os momentos em que os amigos têm de emprestar seus ombros e, ontem, eu fiz isso. Uma cena meio constrangedora para alguém, mas nada anormal. A medida que o tempo vai passando, meus amigos começam a se habituar com a situação nova e tudo se transforma num carnaval de risadas e num bacanal de palavrões. E aquele assunto triste já nem é lembrado ou, pelo menos, naquele momento, fora esquecido. E eu? Eu ali. O constrangimento desse alguém já se transforma numa vergonha contida, misturada com uma risada sem vergonha e nada tímida. "Vambora!" E aí, o frio toma conta do corpo. É o inverno que chegou sem dar satisfação, sem explicações, sem mais nem menos. Apenas chegou fazendo com que os corpos gelem a uma temperatura nada agradável. Quer beber alguma coisa? Vinho ou cerveja? Ok! Cerveja, apesar do frio. (Momento cultura e futebolístico, agora): A cerveja, originalmente vinda da Holanda, - próxima seleção adversária do Brasil na Copa - é servida em temperatura ambiente no seu país de origem. No Brasil, porém, mesmo os termômetros marcando 8ºC, cerveja boa é aquela beeem gelada. (Ok! O momento bobagem passou!) Conversa vai e conversa vem. Risadas e mais risadas. CD's de adversários de sinuca e pessoas pedindo fogo. Nada muito coeso, mas eu entendo. Tu também, né? Ok! Vamos fazer o quê? Tudo bem. Geonina. Nada de estudos. Nada de casa. Geonina é a melhor opção. Bem como disse Carlos Drummond de Andrade: "no meio do caminho havia uma pedra". Aí bateu a dúvida: será mesmo a Geonina a melhor opção? Então, o impasse e o momento introspectivo chega par atordoar as nossas cabeças. Mentes pensantes no ônibus em plena madrugada. Ok! Vamos para o Boteco! E aí... hehehe... Aí a cerveja tomou conta e a vontade também. O frio nem era mais sentido. Os pagodeiros nos aqueciam com suas vozes desafinadas e seus gritos melancólicos quase chorando com as letras das músicas. A bagunça estava formada. Mais amigos reunidos. Noite perfeita! Cigarros, amigos, cerveja e boteco. Rá! Combinação exata! Porém, tudo que é bom termina. Está na hora de irmos para casa! Todos nós! Eu, tu, eles e a nossa vontade gritando. E, assim, foi feito. Feito e confirmado os pensamentos mais sórdidos. A carne grita no meio da rua e os olhos se fecham. Tudo muito bom. Tudo muito bem. Fomos até à parada final, esquecendo das ruas e do que poderia acontecer. No outro dia, no almoço, contidos e sérios. A tarde convidativa para um passeio batia na janela do quarto. Tudo tão estranho, tão diferente, tão bom, tão peculiar. Praia e sol. Abraço e música. Maria Rita cantando para nós e as ondas estourando a paz de um feriado que foi nosso.