segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Poema Para um Amante das Palavras e do Seu Poder de Sedução (Éderson da Silveira)

Esta história eu não inventei
apenas ouvi soprar
de um vento que vinha de leve...

Falou-me num sussuro
de algumas pesoas encantadas
que antes eram iguais
a todas as outras pessoas

Até que um dia
estando este a soprar
convidou-as a descobrir um mundo novo
E mostrou as mesmas ruas
os mesmos caminhos
e as pegadas de sempre
e já não eram os mesmos...

Mostrou-lhes que eram apenas cacos
pequenos pedaços cristalizados
em profundo ócio de si
Provocou-as para que se juntassem
a outros cacos e outros vazios

e então o grande conjunto
dos que antes eram incompletos
deu forma e contornos à uma nova figura

E de todos os lados os ventos sopraram
trazendo cada qual um pedaço de longe
que vinha de manso somar-se aos outros

E ao final de tudo
não resta desfecho
apenas leves reticências
de cacos contagiando outros pedaços

e aos poucos, ao sabor de desafios
encontram caminhos a trilhar
e semeam estrelas em meio à penumbra
e á lu z de uma vela
desbravam selvas nos interiores do bando

Afinal de contas cada um faz parte
de um grande mosaico
construído pelos ventos do Sul
desafiando espalhar-se aos quatro cantos
e timidamente observa o primeiro pássaro
ao céu a voar e lembrar ao vento
as palavras de um poeta e amigos desbravadores...

domingo, 5 de dezembro de 2010

Matheus Bandeira Convida III.

Meu próximo convidado me impressionou com uma simples conversa na praia sobre literatura e escritores. Impressionou-me, também, com seus magníficos textos em seu blog e suas doces palavras.




O próximo a escrever para o Matheus Bandeira, Captando Palavras é Éderson Luis da Silveira: brilhante escritor.

A Escuridão Permanente da Alma (Leandro Moreira)

Alma desceu ao apogeu da escuridão
na noite em que ela saiu com sua mais nova amiga,
a Solidão.

Alma estava se sentido muito triste,
magoada, já que sua outra amiga,
a Felicidade,
a trocara pela Esperança.
Então, Alma chamou sua mais nova fiel escudeira
para passearem.

Bateram perna...
Acabaram indo parar no bar da Vida.
Esta, cansada de correr bêbados de seu bar,
não deixou Alma e, tampouco, sua comparsa,
Solidão, entrarem, pois essas,
percebera Dona vida, já se encontravam
em estado de embriaguês.

Alma e Solidão saíram esbravejando tudo o que lhes vinha à cabeça...
Foram a outro bar,
tomaram umas doses a mais de violência
e voltaram ao bar que haviam ido anteriormente...
Dona Vida, ríspida, tentou enxotar as duas novamente...
Dessa vez, entretanto, Alma e Solidão deram jeito na Vida
e a mataram com um tiro a queima-roupa,
pois se sentiram discriminadas com o que ela fizera à elas
quando aquelas chegaram.

Depois disso, Alma e Solidão foram presas por homicídio culposo.
Elas ficaram em celas longes
para não ter perigo de confabularem uma fuga,
como de fato, já haviam planejado na semana anterior aos julgamento.

Alma, então, fora julgada e condenada à pena de morte e,
consequentemente, morta dias depois.
Sua ex-companheira, a Solidão, enlouquecera;
anda solta e vive a procura de uma nova parceira e amiga
para acompanhá-la em suas cretinices
e brindar à morte de sua amiga Alma...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Matheus Bandeira Convida II

Continuando com a brincadeira: devo convidar, agora, um grande amigo meu para nos encantar com a sua forma fabulosa de escrever. Com seu jeito peculiar de falar sobre diversos assuntos, embelezando as páginas de seu blog, o Leandro Moreira é o meu próximo convidado a escrever para o "Matheus Bandeira Convida!"



Espero que gostem dos textos de um dos blogueiros que mais leio.

Eles Não Foram Nem Capazes de se Odiar. (Paola Cunha)

Apresento, agora, o texto escrito pela minha primeira convidada, Paola Cunha. Desde já, agradeço por ter atendido ao convite de forma tão carinhosa, como sempre.

Ela tinha que continuar a vida dela, e ele queria simplesmente continuar a vida dos dois. Era aquele tipo de casal que não tinha semelhança nenhuma, mas um amava o outro demais. Ela era o tipo de menina que tinha um futuro lindo pela frente e ele o sozinho, o que já tinha deixado de acreditar em tudo. Ele tinha uma vida tão vazia, faltava alegria, faltava carinho e o único que sobrava era o amor. Este um pouco com medo, mas um amor tão verdadeiro que era capaz de tudo, menos de suprir as suas faltas. Já ela, sempre cheia, rodeada de pessoas, de amigos verdadeiros, de risadas, de conquistas. Ele o tipo pessoa que ela nunca quis e ela a namorada que ele sempre esperou. Até que a vida se encarregou de juntá-los. Ela resistiu, mas acabou se entregando. Ele da vida vazia passou a ser uma pessoa cheia, entusiasmado com o futuro e se tornou forte o suficiente para enfrentar os obstáculos. E a vida passou, ele realizou um dos seus maiores sonhos e o mérito era todo dela. Eles eram tão diferentes, mas tão diferentes, que discordavam até que o céu era azul. Mas existia um conjunto de semelhanças que parecia que já tinham se encontrado em outras vidas. Ela sempre cheia de razão, mas com argumentos para justificá-las, ele o libriano nato, que queria ter a razão a todo custo pra si. Ela sempre tentou mostrar o melhor caminho e ele só achando que o seu caminho é o certo. E a vida passa. Ela tenta, ele foge. Ele foge, ela tenta. Até que um dia os dois resolveram fugir. Haviam chegado a um ponto em que não tinha mais felicidade, não tinha mais harmonia, de tudo que construiram só havia restado o amor. Este o único que não morre! Não quando é de verdade. Até que chega o dia do fim dos dois. O fim mais doloroso que ele poderia sentir, mas o mais verdadeiro. E mesmo sendo um fim... O mais harmonioso. Um fim cheio de pontos, que mais se tornaram reticências. Mas um fim tranqüilo. Eles, ainda amigos. Amigos de verdade. Amigos de alma. A tranqüilidade e a harmonia às vezes tornam a dor maior, porém, é o que torna o sentimento mais verdadeiro. O amor era tão grande que não deixou espaço nenhum para qualquer outro sentimento, muito menos o ódio e a mágoa.




Ao querido amigo, Matheus Bandeira, que carinhosamente me convidou para participar do seu blog. Espero que aprecies o texto.
Paola Cunha

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Bar, Doce Bar.

De noite, fui ao mesmo bar que freqüento há anos. Lá, ao chegar, sentei junto ao balcão e rapidamente fui pedindo uma taça de carinho e aperitivos de sinceridade. Fui atendido prontamente, como sempre. Tomei a primeira taça e pedi mais uma. Mais uma. Mais. Mais. Mais. Quando já estava embriagado de carinho decidi ir para casa. Cambaleando, pela rua, comecei a pensar em algumas coisas sobre a vida. Aliás, todo ébrio reflete sobre a sua vida e pergunta-se como ela está. Chegando em casa, tomei um remédio e fui deitar. Na outra noite, retornei ao mesmo bar e bebi a mesma bebida e comi a mesma coisa e isto se repete há vários anos. Conheço e muito os frequentadores deste bar. Eles sabem toda ou quase toda a minha vida. Temos um vínculo criado, imaculado pelas veias do tempo, pelo companheirismo de tantos anos dividindo o mesmo bar e, praticamente, a mesma vida. De repente, este vínculo não deveria ser tão estreito ou eu deveria ter mais liberdade para escolher outros bares pela cidade, afinal, não existe apenas um. Ele não é o único. Então, decidi que naquele momento deveria gozar mais da minha liberdade, das minhas escolhas e acreditar nelas, pois há tantos bares e aquele que frequento há tanto tempo já apresenta rachaduras e sua estrutura parece tão frágil. Apesar do luxo, aquele bar merece uma reforma, uma obra. Assim, procurei outros locais para me refugiar. Li alguns anúncios no guia local e decidi frequentar um no centro da cidade. Lá fui tratado como queria. Livre, porém, com zelo. Não haviam músicas melancólicas e nem bêbados gritando, falando alto, como no outro sempre houve. O meu atual bar era de outro nível. Pessoas mais jovens o frequentam. Talvez seja um bar de universitários. Não há o mesmo luxo do outro, porém, aparenta ser um pouco mais aconchegante. Logo que cheguei, pedi uma dose de liberdade com cubos de gelo e alegria para comer. Prontamente fui servido. E durante alguns dias, todos os dias, lá estava eu bebendo a mesma coisa e comendo a mesma opção do cardápio. Outros clientes de outros bares me convidaram a frequentá-los, porém, educadamente, apenas, agradeci. E, neste bar, fiquei algumas horas, sozinho, pensando na vida. Embriagado de liberdade e embuchado com a alegria, decidi que deveria retornar ao velho bar. Não poderia, simplesmente, não ir mais lá. Seria muita falta de consideração, afinal, os frequentadores dele sentem a minha falta. Talvez, eles devem avistar a minha cadeira e a minha mesa vazias, sem ninguém, sem a minha presença e, possivelmente, se perguntam onde e como estou. E, de repente, entrei no velho bar. Vi que minha mesa, meu canto, minha cadeira, estavam limpas. Minha recepção não foi tão calorosa, porém, me ofereceram uma dose de sorriso, de amor, de carinho e amizade, sinceridade e liberdade para comer. Me senti bem, de novo. Não havia música e nem clientes. Estava sozinho no bar, no velho bar de sempre, novamente.

_______

Agradeço imensamente à Geniffer Silveira por ter me acolhido na sua casa durante alguns dias, ao Leandro Moreira pela sua amizade e cuidado, à Regina Guimarães pela amizade e sinceridade de sempre, à Daniela de Andrade pela amizade e cuidado, ao Renan Juliano pelo cuidado, ao João Medeiros pela amizade e preocupação, ao Vinícius Rodrigues pela amizade e solidariedade, à Priscila Mukai pela amizade e preocupação, ao Pierre Machado pela solidariedade, à Nathalia Ramos pela amizade e carinho, à Vânia pela carinho em tão pouco tempo, ao Graciliano Marquês pela amizade e companheirismo, enfim, obrigado a todos aqueles que, de certa forma, me fizeram bem em algum momento.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Matheus Bandeira Convida.

O espaço "Matheus Bandeira Convida" é para que possamos ler os textos de outras pessoas, também, e não só os meus. Vamos ampliar as nossas escritas e leituras. Lembremos que vivemos em uma democracia, portanto, nada mais coerente é abrir um espaço para que meus queridos seguidores também façam parte do blog. Será publicado qualquer tipo de texto e será feito através de convite.



A primeira convidada a escrever no espaço "Matheus Bandeira Convida" é a minha querida amiga, Paola Cunha, que sempre me seguiu e leu meus textos. Então, delicie-se com as belas palavras desta guria que escreve muuito bem.

Até.

domingo, 14 de novembro de 2010

Dança Comigo?


Então, não mais que de repente, ele estendeu sua mão e pediu para dançar uma música. Uma música, apenas. Por um momento, ele até achou que a doce e delicada mulher fosse negar seu pedido, porém, se surpreendeu com o sorriso de um sim. Durante alguns minutos passaram-se cenas de uma vida inteira na mente inquieta dele. Cenas, estas, que a mulher com quem dançava fazia parte. Ele a abraçou mais forte e o ritmo da melodia romântica levava os dois para, quem sabe, às nuvens ou para um lugar qualquer, longe dali, longe da realidade, longe da cruel realidade. Nestes minutos, que ele não queria que terminassem nunca, ela o abraçou, encostou sua cabeça no ombro e entregou-se ao tal como nunca tinha o feito antes. Não falaram nada. Apenas dançaram e quando a música findou-se, os olhos dois fitaram-se e um abraço delicado e cheio de carinho aconteceu. Um abraço que não é dado sempre, pois a rotina turbulenta dos dias capitalistas de hoje impedem que cenas de afeto, como estas, aconteçam. E durante aqueles segundos ele falou, meio que sussurrando: te amo. Ela, então, olhou para ele e com um sorriso nos lábios, lacrimejou e o choro rolou no seu rosto, deixando cair uma gota de lágrima. Choro de medo. Medo do incerto futuro. Medo da dor. Medo de não mais ver seu amor, seus amores, sua vida... Quando, daí, numa fração de segundo, ele sorriu e disse num tom encantador: estou aqui. Não chore. Assim, os dois se separaram, a rotina tomou conta novamente e cada um seguiu seus compromissos diários, deixando, mais uma vez, escapar o fascinante romantismo e carinho sentido pelos dois.

OBS: para minha amada mãe, Leda Bandeira de Carvalho.

domingo, 31 de outubro de 2010

Falando em Política...


Hoje, domingo, 31 de outubro de 2010, vimos o Brasil escrever uma página muito importante na sua história. Hoje, elegemos a primeira mulher para presidir o país nos próximos quatro anos. Curiosamente, Dilma Rousseff nasceu um ano após o voto feminino ser obrigatório em nosso país. Firme, convicta de suas idéias e com uma inteligência enorme, a nossa primeira presidente da República terá vários desafios pela frente.

O principal desfio é cumprir suas promessas de campanha. Não foram poucas. Erradicar a pobreza e colocar em prática a reforma tributária é uma promessa delicada, difícil, porém, com boa vontade e com coragem isso pode ser feito. Contrariando o seu rival político, José Serra, Dilma não prometeu nenhum aumento para o salário mínimo. Se rendeu ao silêncio ao invés de prometer algo que dificilmente iria cumprir. O aumento do mínimo que o Serra iria dar era de R$ 90,00 reais, o que representa 18%, ou seja, um aumento considerável com gastos neste sentido. Alguns bilhões.

É importante o aumento do salário mínimo, sim. Não estou dizendo nada ao contrário, porém, isso deve ser feito com responsabilidade e maturidade, pois não adiantaria de nada prometer e não poder cumprir.

Outro desafio importante da nova presidente é adequar o Brasil com a sua "nova" moeda. O real está valorizado e o Ministro da Economia, Guido Mantega, tem feito de tudo para que isso não acontecesse de uma maneira avançada, porém, seus esforços têm sido em vão. A forma de evitar um desconforto no que se refere à economia é adequar o Brasil à nova realidade da valorização de sua moeda. Alternativas novas e atuações diferentes serão passos do governo Dilma logo no primeiro ano. Lembrando que Dilma Rousseff é economista, então, pensar em maneiras racionais justamente em sua área de atuação não deve ser muito difícil à ela e nem para sua equipe que deve ser de nomes fortes e espetaculares.

Quem é Dilma Rousseff? É a pergunta que os líderes internacionais estão se fazendo neste momento. Ninguém conhece a nossa presidente eleita, afinal, quem mostrou o Brasil ao mundo foi o nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo nome é elevado ao extremo prestígio no cenário internacional. Diplomata nato, Lula pretende viajar com a sua companheira de partido em novembro para a reunião do G-20. Lá, Lula apresentará sua sucessora ao mundo. A pergunta que o principal jornal americano faz, o The New York Times, é a seguinte: "Como será a relação do Brasil com o exterior?" A pergunta deve ser interpretada com aquela malícia política. Com a ignorância dos líderes internacionais sobre o nome de Dilma, fica a desconfiança de como ficará a situação de nosso país no cenário internacional, que, hoje, está muito bem consolidado. Desafio e tanto! Porém, não acredito que isto será difícil, pois, ao mesmo tempo em que o nosso ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, possuía um prestígio internacional enorme, quando deixou o poder, seu sucessor, o humilde torneiro mecânico, da esquerda, tornou-se o presidente brasileiro mais bem sucedido lá fora. Dessa forma, não podemos subestimar a capacidade de "entrosamento" da nossa nova presidente, uma vez que Lula deverá estar sempre ao seu lado.

Dilma sempre discursou a favor da mulheres e esta foi a principal bandeira de sua campanha. Este discurso deu certo e se torna como principal esperança para as mulheres que ainda ganham menos que os homens e desempenham iguais papéis no mercado de trabalho. É difícil este assunto, pois ainda temos uma cultura machista no mercado de trabalho e acabar com essa "cultura" não é bem assim. Porém, acredito que o primeiro passo já foi dado, pois elegemos uma mulher para nos presidir.

Durona e com pulso firme, Dilma tem a difícil tarefa de manter o bom diálogo do Palácio do Planalto com os entes federados que não possuem uma estrelinha vermelha brilhando no poder. Diferente de Lula, que cativou até mesmo José Serra, Dilma não possui a mesma simpatia que o nosso presidente e isso dificulta um pouco as coisas, porém, muito bem assessorada e com a esperteza e inteligência que lhe é peculiar, acredito que este não é um desafio muito complicado.

Em seu primeiro pronunciamento como presidente, Dilma, reafirma suas promessas e de forma humilde estende sua mão à oposição. Um gesto bonito no final de uma campanha exaustiva, estressante e intensa. Emocionada, citou o presidente Lula e disse que ainda irá bater à porta de seu companheiro de partido, talvez, interpretação minha, para pedir ajuda quanto às ações, algumas, de seu futuro governo. Afinal, Lula sai do governo como o mito moderno de um ótimo presidente. Com um discurso de 25 minutos e com um positivismo fascinante, Dilma, serena, tranquila e muito elegante não deixou a humildade de lado e agradeceu a todos os brasileiros por seus mais de 55 milhões de votos e disse, também, "Sim, a mulher pode!"

Em São Paulo, José Serra, logo após o pronunciamento de Dilma, que, aliás, todos nós esperávamos ser o contrário, pois, como de praxe, quem perde a eleição cumprimenta o adversário vencedor antes do pronunciamento do mesmo. Porém, isto não aconteceu, discursou com as principais lideranças do PSDB e reconheceu a vitória da petista nas urnas como sendo a "voz do povo". Ao mesmo tempo, disse que a luta está apenas começando, o que denota o homem oposicionista que será ao governo do PT.

Enfim, muitos desafios à primeira mulher presidente da República Federativa do Brasil e uma enorme expectativa da continuação do bom governo de seu companheiro, Lula. Muita sorte à Dilma. Muito sucesso. Precisamos que ela faça um ótimo governo, pois, assim, seremos brasileiros felizes, digamos assim, pois dependemos do sucesso de seu governo para uma possível felicidade profissional ou pessoal.

Uma observação importante é que Antonio Palocci deverá ser uma espécia de "primeiro Ministro" do governo Dilma. Dotado de uma inteligência absurda, Palocci apareceu ao lado da presidente antes do seu pronunciamento após ter sido eleita e enquanto a mesma discursava, também. A especulação é de que a Casa Civil, antigo posto de Dilma, será dele. Cabe à ela decidir.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

DILMA presidente


Sempre me identifiquei com o Partido dos Trabalhadores. Lembro que quando era criança, usava a estrela do 13 no peito e dizia que seria candidato a qualquer coisa pelo PT. Era pequeno para saber ao certo o que realmente significava um partido político, mas, mesmo assim, me dizia um petista. Porém, com o passar do tempo, percebi que ser petista já não era mais condizente com a minha verdade e decidi me filiar ao PMDB.

Enquanto peemedebista, lutei firmemente a favor da moral política que o partido "prega". Ajudei, com o meu voto, a eleger o Germano Rigotto governador do Estado do Rio Grande do Sul e, sinceramente, não me arrependo. Sempre acreditei no meu partido, o PMDB. Talvez porque meu avô foi um dos fundadores dele na cidade onde nasci e minha família sempre esteve com o PMDB.

Além disso, condenei com a mesma firmeza os escândalos de corrupção no governo Lula e até o seu segundo ano no poder, sinceramente, desacrediva que ele pudesse fazer um bom governo. Hoje, não me arrependo da condenação que fiz, porém, fico constrangido em não ter tido o "tino", o faro para saber que realmente o governo Lula estava mudando o país e mudando para melhor.

Milhões e milhões de empregos, obras federais por todos os lados, empregos especializados com mão de obra técnica e etc. Acredito, sim, que o Lula foi um ótimo presidente e que seu governo ajudou e muito o Brasil e que o reflexo dessa ajuda ficará para sempre.

Hoje, não sou mais peemedebista. Não acredito na moral pregada pelo meu antigo partido. O maior parido do Brasil com cabeças fracas e que não se impõem com uma política ousada e firme. Sempre com suas ações arcaicas, perdidas no tempo, talvez, esperando que o lendário Ulysses Guimarães ressuscite. Não credito no PMDB por suas lideranças mesquinhas e covardes. Por exemplo, o PMDB do RS diz ser diferente do PMDB nacional, mas comparemos, por favor: o candidato ao governo do Estado, José Fogaça, não apoiou o seu próprio partido, pois não apoiou Dilma, cujo vice da chapa é do PMDB.

O Pedro Simon, o José Fogaça e o Germano Rigotto, principais lideranças aqui do Estado até agora não se posicionaram quanto ao segundo turno, ou seja, relutam em apoiar o próprio partido, apoiando a Dilma. Qual o motivo? Covardia e orgulho! No RS a principal batalha política sempre foi entre PMDB e PT, porém, chega um tempo, que isso deve acabar e entender que isso não leva a nada.

Por isso, por acreditar mais no PT, novamente, no belo trabalho do presidente Lula e na gigante capacidade da Dilma é que voto 13! Por desacreditar na política arcaica do PMDB e o seu jeito esquisito de ver as coisas em cima do muro é que me despeço da legenda 15 com a cabeça erguida, pois sei que não perco absolutamente nada!

domingo, 19 de setembro de 2010

Preciso. Quero.

Não preciso ouvir que me ama.
Preciso sentir.
Não preciso saber da tua vida.
Preciso conhecer-te.
Não preciso só do teu sorriso.
Preciso da tua sinceridade.
Não preciso da dúvida.
Preciso da tua exatidão.
Não preciso da tua voz,
Preciso do teu silêncio falante.

Não quero o teu fanatismo.
Quero, apenas, o teu bom senso.
Não quero palavras.
Quero ação.
Não quero planos.
Quero acontecimentos.
Não quero nada.
Quero tudo natural.

Não preciso da tua presença constante.
Preciso te sentir, apenas.
Não preciso da tua coragem.
Preciso da nossa luta.
Não preciso de mentiras.
Preciso de maturidade.
Não preciso de necessidade.
Preciso de sinceridade.

Não quero sofrer.
Quero sorrir, apenas.
Não quero a solidão.
Quero a companhia da paixão.
Não quero a noite.
Quero 24 horas.
Não quero nada.
Quero além do que eu imagino.

sábado, 4 de setembro de 2010

De Olhos Abertos


O ambiente metodicamente decorado. A luz baixa, com velas decoradas espalhadas por todos os lados. Algumas brancas, outras rosas, mas a maioria vermelha. A mesa com flores brancas no centro: detalhes que só as mulheres conseguem realçar. Tudo em seu devido lugar. Taças, garfos, facas, colheres e guardanapos.

Antes do banho, ela retoca a mesa, acerta os últimos detalhes e ao se certificar de que tudo está correto, se deita na banheira cheia de sais e relaxa um pouco. Olha no relógio e vê que tem tempo. Liga o som e curte o momento antes de encontrar o homem por qual está apaixonada.

Ele, por sua vez, ainda não chegou em casa. Resolveu passar em uma loja de roupas, antes. Percebeu que sua calça preferida estava velha demais para um encontro especial. Aproveitou para comprar uma camisa nova. Então, depois das compras e antes de se arrumar, passou em uma floricultura e comprou flores variadas e vermelhas.

Ela se maquia. Põe cores leves no rosto e nos lábios. Ele coloca o cinto e escolhe o perfume. Ela arruma o cabelo. Ele coloca uma bala na boca. Ela escolhe um vestido curto champagne. Ele, de camisa vermelha, calça jeans e sapatos pretos, sai de casa. Ela desce as escadas e acende as últimas velas que faltavam ser acesas.

Ele chega e o coração dela começa a pulsar mais rápido. Ele sai do carro com a respiração ofegante e com medo de cometer algum deslize. Ela o espia pela cortina da sala. Ele bate na campainha. Ela faz charme e demora um minuto para atender. Oi. Ele diz, meio desconsertado. Oi. Diz ela com um sorriso no rosto.

Você está linda. Não pôde deixar de observar que a mulher por qual está apaixonado estava realmente linda e teve de tecer elogios rasgados e sinceros. Ela agradeceu e o serviu uma taça de vinho, aquele bem escolhido, de uma safra antiga. Lindas flores, obrigada. Um pouco envergonhada, pois era o primeiro encontro, ela colocou as flores em um vaso.

Um som tocando bem de leve ao fundo. Era Tom Jobim, cantando a Garota de Ipanema. Seus quase trinta anos, denotavam, além de um corpo escultural, bom gosto para a música. Então, os dois conversam animadamente na sala, antes do jantar. Um tempo depois, ela serve o jantar. Estava ótimo, disse ele. Ela, simplesmente agradeceu.

Voltaram à sala e seguiram conversando e bebendo vinho. Mais despojados, mais animados, talvez a bebida já estivesse fazendo seu efeito mais característico: arrancar a vergonha das pessoas. Com olhos famintos, ela tomou a iniciativa e roubou - lhe um beijo. Ele a agarrou pela cintura, fazendo-a deitar-se por cima do seu corpo, no sofá. E, assim, por alguns minutos continuaram.

Ela tira os sapatos e ele tira as taças do alcance. Não queria cometer deslizes e derramar vinho no tapete branco. Seria péssimo. Eles se ajeitam melhor no sofá de couro preto e os beijos começam a ficar mais intensos. Cada selinho, de olho aberto, já dizia mais que qualquer toque, mais que qualquer pensamento mais sórdido. Sexo era o que eles queriam. Eles se separam. Ele afasta a mesa de centro cheia de velas e tira a camisa. Ela começa a beijar seu pescoço, por cima dele. Ele fecha os olhos, extremamente excitado. Ele a vira e beija o pescoço dela e passa a mão sobre o corpo macio da mulher, cheia de tesão. Ela tira o vestido e ele a calça. Eles se abraçam e os gemidos era a música do ambiente, já que o CD tinha acabado.

Os corpos explorados pelas mãos eram, agora, molhados por línguas quentes e cheias de vontades. Despidos de roupas e de pudores, começam o ato mais liberal e apaixonado: o sexo. Devagar. Ela geme baixinho e ele a olha, tentando desesperadamente saber, sem perguntar, se ela estava bem ou se estava gostando.

Ele se deita sobre o corpo dela. Os movimentos um pouco mais velozes, agora. As mãos dela nas costas dele, sendo marcadas por arranhões. Gemidos mais altos. Movimentos mais rápidos. Sorrisos apaixonados sendo trocados em plena sala de estar por duas pessoas, por dois indivíduos completamente apaixonados, iniciando um relacionamento mais que desejado.

Outras posições foram ensaiadas e realizadas. De repente, sentada no colo dele, de frente, o ápice da paixão e do sexo parece estar chegando. Os suores em seus corpos, denotando o calor da paixão, escorria pelas costas dos dois. Gemidos dele e dela. E, num golpe de prazer os dois fecham os olhos no mesmo exato momento. Acabou. O prazer estava completo. Então, ela abre os olhos e ele já estava a olhando, admirando sua beleza delicada e infinita.

Um selinho com olho aberto pede um beijo de olhos fechados, terminando, assim, de vez, o sexo apaixonado dos dois. Palavras doces são ditas e carinhos explícitos. Deitados no tapete, exaustos e, agora, sem nenhuma vergonha, eles apenas se deixam levar pelo sublime momento da paixão que os envolvia. E, assim, permaneceram por alguns minutos, horas, até pegarem no sono e dormirem abraçados, apaixonados.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ser Gaúcho (continua)

"Cara, que orgulho de ser GAÚCHO!"

(momento gaudério)

Aí, vô: pra ti!

"Por onde andará o semblante
De um avô maragato
Que eternizou seu silêncio
Na moldura de um retrato
E dos seus causos antigos
Desses campeiros de fato
Quem sabe andam perdidas
Na saudade dos avós
Ou presas dentro do peito
Querendo saltá na voz
Mas bem certo elas se acham
Guardadas dentro de nós
Onde andará...
Onde andará...
Dentro de nós!"

Onde Andará - Gujo Teixeira, Joca Martins e Fabiano Bacchieri.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Meu avô: um guerreiro!

Nasceu já faz tempo!
Onde? Não se sabe.
Talvez na terra dos guerreiros
Ou num lugar de sonhos.

Guerreiro e sonhador
Amou e criou seus filhos
Com total zelo
Como um eterno pai.

Seus netos tão distantes,
Mas tão presentes em sua memória,
Que às vezes falhava,
Porém, sempre perguntava: e o Fulaninho?

De suas batalhas
A mais comovente não foi a da Itália
Na Segunda Guerra Mundial
Foi com a vida, nos últimos momentos.

Guerreiro, se apegou com unhas e dentes
E aí de quem duvidasse dele.
Teimoso. Insistia em ficar,
Mas não conseguiu resistir à força do seu destino.

Onde está? Não sei.
Deve estar matando as saudades de sua outra amada.
Amada vó, que não conheci,
Mas é tão bem lembrada.

Vai, vô! Vai...
Faz, mais uma vez, a tua história.
Ergue a tua cabeça com o orgulho
De ser Bandeira e vai.

Vai, vô! A eternidade é tua companheira, agora.
Já fizestes tudo por aqui.
Vai, que tomo conta da mãe, que sentirá saudades,
Mas que se conforta em saber que tu estás bem.

Vai, vô. Eu fico aqui...
Mas daqui uns anos, longos anos,
Estaremos juntos e poderá me dar aquele abraço:
"Upa lá lá".

Ao meu avô, com muito amor.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Preta

Ela não é mais a mesma
Dizem por aí que conheceu o mundo.
Mas que mundo é esse que eu não conheço?
Nada, nem ninguém, agora, podem pará-la.

Seu sorriso de menina foi substituído.
Sua alegria doce foi trocada.
Seu olhar meigo foi arrancado.
Mas o coração ainda bate calado.

Seus sonhos já são outros
E aquela cor-de-rosa está mais forte
A cor já não sei qual é.
Não é nem vermelho nem preto.

O que sei é que ela está lá
Linda, como sempre.
Agarrada às suas decisões mais insanas
E assim é a sua vida.

Como a de todos os outros.
Altos, baixos, quente e frio.
Humana e rocha. Um paradigma, será?
Mas dizem que ela conheceu o mundo.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Estilo Twitter


Numa bela tarde de um dia qualquer fui demitido. Meu mundo ficou um pouco sem norte, sem sombra, sem nada. Meu salário, meu dinheiro, minhas responsabilidades, meus planos, meus sonhos mais uma vez teriam de ser adiados. Acostumado com esta vida cheia de altos e baixos...

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Então, como não estou trabalhando e minha faculdade ainda está no início do semestre, resolvi viajar. Estou na minha terrinha: Rosário do Sul. Aqui, vi a minha infância e adolescência novamente, andando pelas ruas. Vi lugares que me retornaram aos bons velhos tempos de bebedeiras com os amigos. Resumo essa viagem com uma palavra, somente: resgate.

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Resgate, sim. Resgatei momentos da minha memória já tão esquecidos em uma das gavetas da vida. Revi amigos, pessoas, parentes e isso foi legal, foi interessante, foi algo novo, mesmo sendo algo velho, mas que não caiu em desuso. Tão legal poder acordar tarde, ir buscar a mãe no trabalho, voltar, dormir um pouco, tomar um café com a vó e depois ver os amigos. Viagem nenhum pouco light.

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Talvez, depois de Rosário, eu vá a Porto Alegre visitar minha outra vó. Faz tempo que não a vejo e sei que preciso ir lá. Preciso ver meu vô que está se despedindo, qualquer dia desses. Vou aproveitar que não estou trabalhando e tenho tempo sobrando. Não sei, ainda, mas tudo indica que eu vá.

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Porém, mesmo estando curtindo a viagem, hoje aconteceram algumas coisas que me deixaram um tanto quanto chateado. Certas comunidades no Orkut não precisariam nem ser visitadas e sim interpretadas com aquela malícia. Ingenuidade? Deixemos apenas para a Cinderela. Depoimentos: para quê, né? Falta de consideração ¬¬

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Não sei.

-@-

Em viagem. Estilo Twitter.

terça-feira, 27 de julho de 2010

E agora?


E no meio de uma madrugada gélida, Drummond e Matheus bêbados dialogando:

_ E agora, José?
_ Pois é... Eis a pergunta que não quer calar.
_ A festa acabou.
_ Eu sei.
_ A luz apagou.
_ Mas a esperança continua!
_ O povo sumiu.
_ Mas o pai volta no domingo e a mãe fica mais um pouco em Rosário.
_ A noite esfriou.
_ É que estou sem lenha para queimar na lareira, desculpa.
_ E agora, José?
_ Me chame de "você" já que não decorou meu nome.
_ E agora, Você?
_ E agora, o quê?
_ Você, que faz versos, que ama, protesta?
_ Não protestei. Apenas, desabafei contigo, Carlos!
_ E agora, José?
_ Calma. Vou ao banheiro. Carlos, já falei que meu nome é Matheus.
_ Sozinho no escuro, qual bicho do mato...
_ Espera que vou acender a luz da sala.
_ Sem teogonia...
_ Quê?
_ Sem parede nua para se encostar...
_ Carlos, acho melhor parares de beber! Tu não estás bem!
_ Sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José!
_ Tu fumou maconha ou o vinho te deixa assim?
_ José, para onde?
_ Relaxa! Eu só vou ao banheiro. Aliás, pela última vez: meu nome é Matheus!

(Adaptação de José, de Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 25 de julho de 2010

Aquela Árvore


Foi num domingo quando a vi pela primeira vez. Passeava de carro com uma antiga namorada minha. Ela estava lá: parada, pregada, feito estátua. Eu a observei de relance e não pude reparar como era o seu corpo, a sua cor e o seu charme. Outro dia voltei ao lugar que a encontrei. Com a correria do dia, também, não foi desta vez que analisei suas características.

Então, o tempo passou. Na sexta-feira santa de dois mil e sete eu consegui, finalmente, olhá-la, analisá-la, pude repará-la. Enxerguei, olhei, vi, reparei em tudo. Ela ali parada, sem movimentação. Eu aqui parado, fumando meu cigarro na sacada da minha casa intrigado com aquela árvore.

Ela, que no primeiro dia que a vi não movimentara nenhum galho, nenhuma folha, nada, hoje, quase dança para o seu espectador, seu fã, mais presente e mais apaixonado. Com seus galhos cheios de folhas, ela os move com tanto carisma, tanto romantismo, que, eu, fumando meu cigarro, me perco em meio aos seus movimentos suaves.

Ela ali parada e o mundo girando sem nem explicar o que está acontecendo e como está acontecendo. Ainda não estou dialogando com a árvore. Calma! Minha loucura não é tanta, assim. Porém, ela me passa um certo ar de mistério e até mesmo, devo confessar, de amizade.

Foi para ela que contei meus planos mais secretos, aliás, para ela e para o meu cigarro, que se ia, com o vento. Foi para ela, também, que reclamei meus amores e desamores. Embaixo de um banho de lua clara ri, muitas vezes, olhando para a minha frente e encontrando a dança dos galhos e das folhas verdes. No meio do vento, do frio, da chuva, do calor e do sereno eu sempre a vejo. Como sempre: linda, exuberante, imponente.

E eu sempre e cada vez mais apaixonado por sua presença. Ora, tantos autores indeusaram as mulheres, o sertão, seco, empoeirado, pobre, sujo. Tantos outros mistificaram a presença de índios sacanas, ignorantes. Cada um exalta aquilo que merece, em sua concepção, ser exaltado. Hoje, peço licença para falar da minha árvore.

Tantas mudanças aconteceram na minha vida desde dois mil e sete. Desde o primeiro dia do nosso encontro, não sou mais o mesmo e acredito que ela também não seja, afinal, são três anos. Três anos que mantemos uma amizade secreta e um fascínio escondido. Há três anos, quando vou para a sacada fumar meu cigarro e sempre a vejo e com a mesma intensidade ela me intriga e me faz pensar que tudo muda ao seu redor, enquanto ela está parada.

Tantas coisas aconteceram. Três anos, afinal, se passaram. Muito ri para ela e chorei. Muito contei meus casos de amores perdidos e achados. Muito reclamei que o meu emprego era ruim. Desabafos foram e vieram em meio ao dia e à madrugada, através de uma tragada, uma baforada, uma risada e uma lacrimejada.

domingo, 18 de julho de 2010

Here Is Not My Place!

O dia está cinza, hoje. A chuva chora meu sentimento mais profundo e oculto. Quero acreditar que amanhã o sol aparecerá, brilhando para mim, invadindo meu quarto, minha casa, minha vida, me fazendo sorrir, rir e chorar de alegria. Esperanças mentirosas dominam a existência do meu ser e fazem com que o desânimo que sinto, quando estou cansado, se torne companheiro de todas as horas.

Aqui não é o meu lugar e, mesmo sabendo disso, não posso fazer nada. Amarrado à uma camisa de força, minha vontade se esvai com os pingos da chuva e meus braços perderam suas forças com o vento. Minha voz grita e ninguém consegue me escutar, como se estivesse num ambiente isolado, talvez, numa ilha deserta.

Não posso mais ir contra mim mesmo, porém, descansar não é a melhor saída e, também, agir, neste comento, não é a solução. Esperar o dia de amanhã me cansa e faz eu pensar o quão inútil tem sido meu tempo. Não posso mais ser o que tenho sido e nem quero mais isso. Aqui não é o meu lugar.

Quero as asas de um pássaro livre, que voa por todos os lugares com a paciência e a calma de um relógio. Quero o lirismo mais apaixonante da vida moderna, anestesiado por uma saudade do que não tive. Quero a embriaguez do ébrio, que, naquele momento, é feliz e acaba esquecendo a sua realidade, do amanhã, do agora e do ontem, mesmo que esses sejam os motivos da sua bebedeira.

Não quero mais a doença cardíaca e mental da dependência vadia, mundana, sem vergonha da vida dos outros, mesmo que esses outros sejam próximos, tão próximos que são quase um só. Talvez se tudo fosse tão mais fácil. Talvez se tudo fosse tão menos complicado. Talvez se não existisse a palavra talvez para nos abrir nossos leques de opções sem sentidos, sem exatidões, sem nada.

Uma esperança cansada, desacreditada, triste, vem em meus pensamentos e me faz sonhar e quero que esse sonho nunca tenha fim e que o relógio nunca desperte e que o dia nunca nasça e que o amanhã se faça presente na realidade do meu sonho. Uma casa no campo. Uma casa na praia. Uma casa cidade. Um filho ou filha de cuca legal. Amigos, música e nada mais.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Vem.

Como a lua que chega devagar,
Como o mar que vem sem pedir,
Como o sol que queima sem querer,
Como a flor que brota desavergonhada.

Como o mundo que está a girar,
Como uma criança a rir,
Como o sol ao amanhecer,
Como o ébrio pela madrugada.

Assim, sem pedir, tu vem.
Assim, sem querer, abro meu sorriso.
Então, eu vejo quem é quem
E te dou meu sinal mais preciso.

Vem. Chega. Me chega.
Vem e me diz quem tu és.
Não quero ver e nem que vejas,
Ser feliz, apenas, é o que a gente quer.

domingo, 4 de julho de 2010

Vinícius de Moraes: saudade!


Dia 09 de Julho de 2010 o Brasil inteiro deve cantar "Onde Anda Você". Dia nove estaremos completando trinta anos de saudade do "poetinha", como gostava de ser chamado, Vinícius de Moraes. Sua vida profissional como diplomata no Uruguai era atribulada nos bares e nas madrugadas quentes dos bairros cariocas. Logo, simplesmente, foi ser feliz. Sua música cheia de gingado tipicamente brasileiro marcou a musicalidade do nosso país na década de 1960. Iniciava um grande movimento jamais visto: a Bossa Nova.

Um sambinha rasgado e uma melancolia quase que disfarçada por um gole de cerveja. É assim que conceituo a Bossa Nova. Um dos mentores desse movimento, Vinícius, boêmio, antes de mais nada, casou inúmeras vezes. Com diversos casos amorosos no currículo, um amante da vida e de um bom uísque, o poetinha nos deu a chance de pensar na vida, com suas letras cheias de aprendizado.

Vinícius cantou com diversas pessoas, mas sua parceria de maior sucesso foi com Tom Jobim. Amigos inseparáveis, viram em uma mulher, uma, apenas, todas as mulheres brasileiras e dela nasceu a música mais famosa do Brasil, gravada por Frank Sinatra: Garota de Ipanema. A garota? Ninguém mais, ninguém menos que Helô Pinheiro. Uma mulher linda e cheia de charme, imortalizada, também, junto com a melodia deste samba, famoso por cultuar a mulher brasileira.

Ninguém mais conseguia transformar o seu show em um parque de diversões como Vinícius de Moraes. Mas como sei disso se tenho apenas vinte e dois anos? Eu tenho DVD! (risos). Ele era simples. Um cara inteligente, culto, de sangue branco com uma mistura negra por amor e apego. Sempre usava expressões e palavras da religião da Umbanda em seus espetáculos. "Saravá", Tom Jobim. Era assim que ele venerava a existência das pessoas mais queridas.

Formado em Letras na universidade e em música desde criança, Vinícius nos deixou uma vasta, uma imensa, uma gigantesca herança. A primeira é que sem amor, sem paixão, sem tesão por alguém, não podemos ser ninguém. Amante inveterado, o poeta casou-se nove vezes. Sua primeira filha nasceu em 1940. A segunda é que não adianta sermos tristes. E, dentre tantas outras, a terceira: devemos amar a vida e o resto é somente o resto.

Trinta anos e suas letras, frases e poemas ainda são lembrados por todos os bons brasileiros que amam a inteligência, a cultura, a intelectualidade, o romantismo. Seu vocabulário sem pudor nos traz a força do amor e da paixão à tona. Nos faz ver o quão romântico ele era.

Vinícius nos força o pensamento de que as melhores coisas são aquelas mais simples. Sentar na praia à beira do mar com um amigo. Beber um pouco e contar dos nossos planos. Simplesmente conversar e deixar o sol cair, enquanto a cidade fria e cheia de stress corre. Tarde em Itapuã nos traz a idéia ideal de um dia perfeito. Tantas outras músicas.

Com seu cigarro e o seu peculiar copo de uísque na mão, Vinícius de Moraes cantou e encantou a todos com sua simplicidade e a sua capacidade de falar tão abertamente sobre o amor, da forma mais simples, mais honesta, mais humana, mais forte. Trinta anos sem a sensatez do boêmio, cantor, poeta, escritor, amigo, amante, diplomata (que na verdade nem foi) Vinícius.

"E por falar em saudade, onde anda você? Onde andam seus olhos que a gente não vê?"

O Problema São Os Jogadores.


A sala está cheia. Mais ou menos cinquenta jornalistas cheios de perguntas e um sentimento de perda, de desilusão. Um romantismo maquiado entre a revolta e a raiva. Um sentimento qualquer sem explicação, porém, nada bom. Uma dor. Uma derrota.

Então, um sujeitinho com um casaco preto, todo cheio de botões, assinado por um estilista famoso, senta na cadeira e começa a olhar todos os jornalistas que o cercam. Um olhar frio, triste. Um olhar de desculpas. Com o cabelo arrepiado e um ar de receio, autoriza o início das perguntas.

_ Dunga, qual foi o erro da seleção brasileira?
_ O problema todo é dos jogadores.
_ Mas, Dunga, se você tivesse substituído o Kaká pelo Nilmar, talvez pudéssemos ter ganhado.
_ É, mas o problema são os jogadores.
_ Dunga, o frio foi um potencial inimigo da seleção brasileira. Será que o calor que fez no dia da partida contra a Holanda prejudicou os jogadores?
_ O problema são os jogadores.
_ A sua relação com a Rede Globo está amenizada?
_ O problema são os jogadores.
_ Dunga, a sua permanência na seleção brasileira ficou difícil de ser concretizada depois dessa derrota.
_ O problema são os jogadores.
_ A Holanda, no primeiro tempo, deixou a bola rolar no campo de ataque do Brasil. No segunda tempo, foi ao contrário. O que aconteceu, afinal, com a seleção "Canarinho", pois o rendimento caiu muito no segundo tempo, nem parecia o mesmo time!?
_ É. O problema são os jogadores.
_ Dunga, quais os planos para o futuro.
_ Eu quero uma casa no campo, agora e um filho de cuca legal.
_ Dunga, o esquema tático atrapalhou?
_ O problema são os jogadores.
_ Mas você é o técnico. O problema não é só dos jogadores.
_ É, o problema são os jogadores que eu deixei no banco e não os aproveitei e nem os que eu não chamei para a Copa, por isso, o problema são os jogadores que não jogaram.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Regina

Me xinga. Me bate. Me aperta. Me morde. Me arranha. Me beija. Me abraça. Me sufoca. Me ama. Me fala. Me cala. Me abala. Me mata. Mata de rir, de existir, de viver e de ver. Me joga pra cá, pra lá. Me bate e me joga na parede, me chamando de lagartixa. Me invade, me suporta, me conforta, me aquece. Me congela. Me invalida. Me deixa bem. Me deixa de bem. Me esquece. Me lembra. Me paga. Me cobra. Me cuida. Me abstém. Me deixa. Me larga. Me envolve. Me queixa. Me deseja. Me mantém. Me exalta. Me falta. Me sente. Me mente. Me inventa. Me conta. Me monta. Me pega. Me seduz. Me reduz. Me encaixa. Me estupra. Me passa as mãos. Me come. Me transa. Me ordena. Me acena. Me sorri. Me gargalha. Me faz sair. Me faz ficar. Me tem. Me obtém. Me chega. Me vem. Me vai. Me reza. Me cancela. Me regenera. Tantas coisas. Tantas pessoas em uma só.

Geonina, Boteco, Feriado e Maria Rita.

Pessoas interessantes e conversas animadas ao pé da mesa com duas panelas de fondue no fogo. Amigos reunidos e o frio chegando. Folga para assistir ao jogo do Brasil e vê-lo ganhar. Perfeito! Geonina? Será? Quem vai? Centro! Mais amigos e uma conversa sensata e um tanto quanto triste. Sempre há os momentos em que os amigos têm de emprestar seus ombros e, ontem, eu fiz isso. Uma cena meio constrangedora para alguém, mas nada anormal. A medida que o tempo vai passando, meus amigos começam a se habituar com a situação nova e tudo se transforma num carnaval de risadas e num bacanal de palavrões. E aquele assunto triste já nem é lembrado ou, pelo menos, naquele momento, fora esquecido. E eu? Eu ali. O constrangimento desse alguém já se transforma numa vergonha contida, misturada com uma risada sem vergonha e nada tímida. "Vambora!" E aí, o frio toma conta do corpo. É o inverno que chegou sem dar satisfação, sem explicações, sem mais nem menos. Apenas chegou fazendo com que os corpos gelem a uma temperatura nada agradável. Quer beber alguma coisa? Vinho ou cerveja? Ok! Cerveja, apesar do frio. (Momento cultura e futebolístico, agora): A cerveja, originalmente vinda da Holanda, - próxima seleção adversária do Brasil na Copa - é servida em temperatura ambiente no seu país de origem. No Brasil, porém, mesmo os termômetros marcando 8ºC, cerveja boa é aquela beeem gelada. (Ok! O momento bobagem passou!) Conversa vai e conversa vem. Risadas e mais risadas. CD's de adversários de sinuca e pessoas pedindo fogo. Nada muito coeso, mas eu entendo. Tu também, né? Ok! Vamos fazer o quê? Tudo bem. Geonina. Nada de estudos. Nada de casa. Geonina é a melhor opção. Bem como disse Carlos Drummond de Andrade: "no meio do caminho havia uma pedra". Aí bateu a dúvida: será mesmo a Geonina a melhor opção? Então, o impasse e o momento introspectivo chega par atordoar as nossas cabeças. Mentes pensantes no ônibus em plena madrugada. Ok! Vamos para o Boteco! E aí... hehehe... Aí a cerveja tomou conta e a vontade também. O frio nem era mais sentido. Os pagodeiros nos aqueciam com suas vozes desafinadas e seus gritos melancólicos quase chorando com as letras das músicas. A bagunça estava formada. Mais amigos reunidos. Noite perfeita! Cigarros, amigos, cerveja e boteco. Rá! Combinação exata! Porém, tudo que é bom termina. Está na hora de irmos para casa! Todos nós! Eu, tu, eles e a nossa vontade gritando. E, assim, foi feito. Feito e confirmado os pensamentos mais sórdidos. A carne grita no meio da rua e os olhos se fecham. Tudo muito bom. Tudo muito bem. Fomos até à parada final, esquecendo das ruas e do que poderia acontecer. No outro dia, no almoço, contidos e sérios. A tarde convidativa para um passeio batia na janela do quarto. Tudo tão estranho, tão diferente, tão bom, tão peculiar. Praia e sol. Abraço e música. Maria Rita cantando para nós e as ondas estourando a paz de um feriado que foi nosso.

terça-feira, 16 de março de 2010

Big Cultura Brasil


Fútil é achar que o programa “reallity show”, da Globo, Big Brother Brasil é fútil. Ignorante é aquele que ignora certas coisas, certos assuntos e certas realidades e devemos afirmar que qualquer pessoa que se desfaz de um programa como este é um ignorante fútil.

Não trabalho na Globo, embora adoraria. Não sou parente de nenhum participante de nenhuma das edições do BBB. Não conheço pessoalmente o Pedro Bial, enfim, não tenho vínculos com nada e, talvez, por isso, me sinto na obrigação de expressar o sentimento de cumplicidade que tenho com o BBB.

Nós, seres humanos, sabemos quando é a hora de chorar, de rir, de beber, de ir no banheiro, de fazer as coisas simples da vida ou as nem tão simples assim. Nós, seres humanos, sabemos e conhecemos nossos erros e nossas virtudes. Nós, seres humanos, conhecemo-nos como ninguém e até podemos e conseguimos prever certas atitudes que iremos tomar.

Nós, da raça humana, somos tão fracos e tão simples. Tão delicados e tão rudes. Tão meigos e tão estúpidos. Tão nós. Não precisamos de ninguém, aqui fora, para dizer que o choro por não ter escutado a voz da mãe deve parar. Pois, nós, aqui de fora, não sentimos tanta falta de um simples “alô” da mulher que nos colocou no mundo pelo simples fato de termos ela todos os dias ou, pelo menos, para quem ainda tem mãe, ter a liberdade de telefonar quando quiser e ouvir a voz dela.

Também, não choramos quando ficamos mau cheirosos e nem nos preocupamos quando acordamos escabelados e sem maquiagem, com a cara parecendo um maracujá de gaveta ou qualquer outra fruta que lembre algo assombroso. Não justificamos nossos julgamentos para certas pessoas, talvez, por essa pessoa nunca conviver ou ter convivido conosco, fazendo com que seja impossível não olhar para ela todos os dias.

Não precisamos justificar atitudes indesejadas. Não precisamos nos esconder ou esconder certos sentimentos por medo de que alguém possa interpretar erradamente. Também, não temos um público de milhões e milhões de pessoas, que irão decidir se o nosso comportamento está sendo coerente, quando temos a certeza de que está. Não temos um cara dizendo sermões e sermões para justificar e amenizar o sentimento de desagrado do público para conosco. Isso deve ser engolido por nós, pois quem já não trabalhou ou conheceu alguém que não gostava de nós?

Não ganhamos prêmios, não recebemos a visita da Ana Maria Braga para fazer e almoçar conosco. Não ganhamos um camarote no Sambódromo da Sapucaí no primeiro ou segundo desfile. Em compensação, ganhamos o aprendizado todos os dias , depois da novela das nove. Ganhamos a cultura que somente o povo brasileiro pode nos oferecer, sem americanismos. E o fato de achar impossível a futilidade do programa é por puramente ter a certeza de que existem muitos “eus” ali dentro com os participantes, pois eu choro, eu bebo, eu me divirto, eu falo besteira, enfim.

Eu sou como eles em diversas atitudes. Eu sofro quando a minha mãe está longe. Eu sofro com saudade do meu pai. Eu choro por saudade do meu amor. Eu choro por tantas coisas que eles também choram. Eu dou risada quando bebo. Eu danço quando eu bebo. Eu brinco quando eu bebo. Eu bebo como eles. Eu acordo de mau humor como eles. Eu brinco de guerra de travesseiros como eles. Eu faço tantas coisas como eles e, justamente, por isso, que eu não posso caracterizar o programa como sendo fútil, pois, se o fizesse, estaria me chamando de fútil, porque ali é a verdadeira humanização do ser humano para todo mundo e todo o mundo assistir.

Ali dentro da casa é sentimento e só sentimento. Seja ele de raiva, de carinho, de saudade, de amor, de tesão, de fome, de frio, de compaixão, de amizade, seja o sentimento que for. E, nós, da raça humana, não somos sentimentos, também? Ou será que existimos somente com a razão enraizada em nós mesmos que não conseguimos agir e muito menos pensar com a emoção? Não! É impossível uma pessoa não expressar o sentimento que há dentro dela em qualquer circunstância da vida e no BBB não poderia ser diferente, visto que são pessoas, como nós, que estão confinadas.

Então, deixemos de ser seres irracionais e sejamos racionais e sentimentais para sabermos que podemos aprender com os erros dos outros e estes outros são os participantes. Podemos aprender que o amor, pode, realmente nascer em menos de noventa dias, pois vários participantes já namoraram durante um bom tempo e quem vai dizer que durante este baita tempo ou somente durante o tempo de confinamento não existiu amor? Podemos aprender que viver atrás de dinheiro não é tudo e que vale bem mais apena viver atrás de dinheiro e também, viver, sem deixar as coisas boas da vida de lado.

Aprendemos que não devemos ser outra pessoa, pois algum dia a máscara irá cair e nossa má conduta será analisada e julgada. Devemos ser nós mesmos, custe o que custar. Devemos ser humanos racionais e sentimentais, como os participantes do BBB.