quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A Paixão e o Tempo


É tão difícil falar da paixão, mas ao mesmo tempo é fácil, pois todos os seres humanos, ou pelo menos aqueles que se deixam levar por uma emoção contagiante como ela, passam por isso. A paixão é diferente do amor em dois aspectos. A paixão é algo que te domina. Ninguém se coordena quando está apaixonado. Ninguém sabe o que fazer quando a pessoa por quem sentimos algo mais do que uma simples amizade chega perto. É temporária, mas mesmo sendo por pouco tempo, ela não deixa de ser intensa.

O amor é diferente. O amor é permanente. Não existe fim para ele. E algo que é muito mais considerável: o amor não é sentimento. É verdade! É comportamento. Mas como assim? Ele é comportamento porque tu convives com uma pessoa, aliás, com várias e tu as respeita. Tu as admiras, não todas, mas algumas. Tu és amigo de umas. Tu as escutas e as critica, quando necessário. Isso é o amor. Na bíblia está escrito que devemos amar e respeitar uns aos outros. Não foi dito isso para que na próxima esquina que dobrarmos, devemos beijar, abraçar qualquer pessoa. Não! Foi dito para que tenhamos respeito, consideração, admiração, amizade uns aos outros. Isso é o amor.

No casamento, por exemplo. Um casal com 20 anos de matrimônio não está apaixonado. Eles estão se amando, se doando, cedendo um ao outro. Estão se respeitando (a maioria). Eles se amam. Mas a paixão não faz mais parte do cotidiano dos mesmos. O motivo é simples: passou o tempo dela. Como disse, é passageira.

É difícil falar da paixão porque ela não tem forma, e nem podemos tocá-la fisicamente. Porém, tem gosto de quero mais e se apresenta na cor vermelha intensamente forte. Ela é perfeita. É forte e nos deixa sem chão e sem limites. Queremos uma pessoa e não enxergamos outras à nossa volta. Queremos estar com alguém o tempo todo. Queremos saber como a pessoa está e onde está se não estamos presentes com a mesma.

Aí é que está o perigo da paixão! Não ser correspondido tem um gosto amargo e profundo. Um gosto parecido com aqueles xaropes que as nossas mães nos davam para tomarmos quando éramos crianças, que depois de bebermos empurrávamos um gole d’água para tirar o amargo indescritivelmente ruim da boca. Esta paixão, apesar de não haver reciprocidade, não deixa de ser intensa, até que dure. E é tão ruim quando desejamos estar com alguém e este alguém não pensar dessa forma. É péssimo saber que estamos pensando em alguém que não pensa em nós.

Mas ao mesmo tempo em que ficamos tristes quando isto acontece devemos ficar felizes, pois triste, realmente, é aquele que não se deixa levar pelas emoções e não se entrega a alguém, mesmo que esse alguém não queira nada mais do que amizade. Isso faz parte da vida. Aliás, a vida é assim. E, para esta paixão avassaladora, devemos deixar o “efeito” passar. Devemos curtir esse momento por mais que seja difícil. Devemos pensar. É engraçado, pois me falaram que pensar não leva a nada, pois quem age obtém respostas e não quem pensa. Então, se quiseres pensar ou agir... Só depende de ti, mas a resposta para a tua ação depende da outra ou outro.

Pensar em alguém que não pensa em nós é uma experiência dramática. Ver a pessoa sorrindo com outras pessoas é uma nos deixa com raiva, pois queremos que não hajam risadas, amigos e nada mais na vida desta pessoa. Realmente, queremos que ela esteja se sentindo infeliz, como nós. Porém, não podemos esquecer que o mundo não pára e lá fora há mais pessoas solteiras. Mais mulheres e homens.

A paixão correspondida é linda. É uma coisa que não há explicação. Sentimo-nos como o “super homem” para quem é homem e as mulheres se sentem a “mulher maravilha” (não sei se as mulheres se sentem assim. Creio que sim. Mas como sou homem eu apenas imagino como se sintam. Talvez seja do mesmo jeito que nós). Não há limites para os apaixonados. Nessa hora estamos nas nuvens. Estamos bem no trabalho, na faculdade, no colégio, em casa, enfim, em qualquer lugar. A felicidade aflora em uma anormalidade incrível.

A paixão recíproca nos torna super-heróis imortais, daqueles que voam e têm poderes especiais. Aliás, é bem assim que ficamos quando estamos apaixonados. Voamos o tempo inteiro. Os pensamentos, então, nem se fala! A vontade de compartilhar um tempo, por menor que seja, com a pessoa que faz o nosso mundo girar numa velocidade mais rápida, se torna meta diária. Chegar na casa dela e vê-la é gratificante. O sexo com essa pessoa, por pior que seja, é muito bom. O beijo é fascinante. Enfim, tudo é bom!

Aliás, o beijo é algo contagiante. O beijo bom nos deixa com vontade de não pararmos mais de beijar. A língua tocando na outra língua... É indescritível a sensação de prazer. As mãos tocando os cabelos, o pescoço, os braços, a cintura. Tudo é bom quando estamos apaixonados. Apenas estar na companhia de quem sentimos algo mais já é gratificante. Não precisa nem beijo, nem mãozinhas dadas, nada disso. Apenas olhos nos olhos e uma conversa agradável já é o suficiente. Não esqueçam que estou falando da paixão recíproca, pois se a paixão fosse aquela não correspondida, falar com a pessoa que não sente o mesmo que nós, é muito desagradável. Para não dizer aterrorizante.

A paixão é intensa como vermelho. De repente tudo são flores e as árvores mortas em uma avenida deserta viram poesias melancólicas, como as de Drummond. O tempo no momento em que estamos ou estávamos com a pessoa não deveria passar e os carinhos e beijos não deveriam parar. É interessante como tempo está presente em toda a nossa vida. É irônico, mas morrer é uma questão de tempo. (Será que isso foi uma piada? Só se for de humor negro! Essa foi péssima. Prometo melhorar da próxima vez.)

O vermelho toma conta da nossa vida, assim como os pensamentos não param de lembrar a fulana ou o fulano. As lembranças, para as paixões sem reciprocidade, emergem de um mar frio, fundo e escuro, que está dentro de nosso cérebro. E, nestas horas, lembrar é o que realmente não queremos e esquecer se torna algo complicado e que não depende de nós.

Um amigo disse que devemos esperar o tempo fazer com que esqueçamos da maldita pessoa. Ô tempo que não passa! Ah, se fosse fácil. Se fôssemos mais práticos talvez seria melhor, mas nunca saberíamos o gosto de uma paixão, correspondida ou não, nem a cor e nem o cheiro doce e suave que tem. Se for de tempo que necessitamos para essa “peste” passar... Que não demore tanto!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Pense, Evolua.

É tão bom ter papel e lápis ou caneta quando estamos passando por uma fase de introspecção. Torna-se um momento íntimo poder dividir esta reflexão com “alguém” que não irá “falar”, nem criticar e tão pouco perguntar nada. E, em momentos assim, às vezes não ter ninguém para perguntar, falar, criticar, enfim, é muito bom.

De repente, em tempos conturbados, que os pensamentos se confundem, que os objetivos mudam numa inconstância tridimensional e rápida, que as emoções afloram, que o humor é algo incompreensível, que as coisas têm sentido. Não é engraçado? Não é uma “antítese”? Não sei...

Falo isso porque quando estamos tentando passar de uma fase difícil, psicologicamente falando, tudo o que vemos é poesia e de alguma forma real e romântica. Será que o romantismo e o realismo podem “andar” juntos? Será que isso não seria mais uma viagem alucinante de um guri que, enquanto o dia amanhece, escreve?

É estranho, mas de repente todas as músicas fazem questão de falar o que não queremos ouvir, em períodos como este. É estranho como coisas que, em dias normais, passam despercebidas e neste momento tornam-se magníficas.

Ah, essa mania de viver... Essa mania que os seres vivos têm é tão complexa e indecifrável. (quanto drama) Essa mania de viver que nos faz mudar a cada instante, a cada acontecimento, a cada emoção, a cada fato. Se, hoje, não mudarmos de opinião, de conceitos, de coisas alheias, de repente, às nossas vontades, seremos engolidos pelo “quadradismo social” e, talvez, esquecidos como cidadãos.

Claro que as mudanças que falo devem ser seguidas por um racionalismo natural que nos foi dado de presente para justamente isso: racionalizarmos, usarmos a razão, porém,não devemos esquecer dos sentimentos e do romantismo. Quem não muda de opinião pelo menos uma vez por dia? Hipocrisia se dissermos que isso n/ao acontece. Ou talvez seja orgulho demais. Quadradismo!

Tudo muda! E graças a Deus isso acontece. Os carros mudam, as roupas mudam, as casas mudam, e vejam que estou falando de coisas e não de pessoas. Então, porque não mudarmos, às vezes de opinião? Não falei que seria fácil entender estas traçadas linhas, mas também não disse que seria difícil. É só um momento de reflexão! Qual o motivo de não olharmos para o mar, em dia de semana? (àqueles que moram na praia) Qual o motivo de não vermos a beleza nas árvores? Tudo é uma questão pessoal.

Essa mania de vivermos atrás de dinheiro, galgando um futuro melhor para nós mesmos e para quem nos rodeia, faz com que esqueçamos das coisas simples e boas da vida, como, por exemplo, uma boa risada ou, se não estivermos com vontade de uma “social” com alguém, um momento sozinho. Um momento de tu contigo mesmo em todas as partes da casa, não só no banheiro!

Talvez devêssemos nos permitir mais e admitirmos que as coisas mudam numa velocidade incrível e que o amanhã pode não chegar. Ousar é o melhor ato. Ousadia saudável é coragem provada para ninguém mais que tu. (quanta enrolação)

Não sei, mas creio que um momento de introspecção é sempre bom para avaliarmos se estamos indo bem na vida. Em todas elas! Na pessoal, na profissional, na social, na afetiva... Pensar ajuda a detectar erros que, talvez, não percebemos que cometemos ou ajuda a acharmos uma saída para tudo, menos para a morte!

Quantas palavras que, para algumas pessoas, ficarão sem nexo. Tudo é uma questão de análise. De opinião. De introspecção!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Problemas sérios?

Será que os nossos problemas são realmente insolúveis em comparação com os de outras pessoas?


Fé! "Andar com fé eu vou, pois a fé não costuma falhar!"


Bons Velhos Tempos!

Estava na Internet tentando entreter-me com alguma coisa, afinal, não queria estudar, apesar das provas da faculdade estarem próximas. Então, resolvi visitar o perfil, no Orkut, de uma velha amiga minha. Amiga esta de infância. Entrando no Orkut dela, percebi que aquela velha amiga de boas risadas e de mates longos e amargos aos finais de tarde tinha se casado. Pronto! Foi só o começo de uma tristeza profunda e repentina. Não, eu não sou apaixonado por ela. Fiquei triste porque percebi que o tempo não passa... Ele voa!

Fiquei feliz pela minha amiga. Está casada com um jovem do quartel que parece ser legal e gentil com ela, pois nas fotos os dois aparecem abraçados e trocando carícias. Está morando numa casa boa, um sobrado muito bonito e que, por foto, aparenta ser grande. Que bom! Fiquei muito contente por ela estar bem, pois a minha amiga merece.

Então, vendo as fotos e, como já disse, a dona do perfil que estava vasculhando é uma amiga de infância, passou um filme de lembranças na minha cabeça. Lembrei de várias coisas que aconteceram quando meus amigos e eu estudávamos juntos no ensino médio da mesma escola. Expulsões da sala de aula. Limpezas do pátio da escola como forma de se desculpar pela bagunça, enfim, tudo aquilo de bom que fizemos e que, se voltasse o tempo, faríamos novamente.

Lembrei de uma vez que esta minha amiga que falo foi expulsa da sala de aula porque saiu sem avisar. Foi muito engraçado! Os meus colegas faziam o que queriam com aquela professora. Quando digo os meus colegas estou no meio da bagunça também. A professora que não vou citar o nome – coitadinha - passava a matéria no quadro negro (que de negro não tinha nada, pois era verde) e quando se virava, a metade da aula tinha saído. Foi quando ela explodiu e começou a xingar todo mundo. Eu, como de costume, sentava no fundão da aula e vi tudo de camarote, pois quem senta no fundo tem a visão privilegiada.

A professora estava gritando com a maioria dos meus colegas e a minha amiga, educadamente, chegou na frente dela e disse que iria ao banheiro. Ok! Lá foi ela ao banheiro fazer suas necessidades. Quando voltou restavam apenas dez colegas na sala, pois a professora estava enlouquecida e tinha mandado todo mundo para a secretaria, então, ela entrou e foi sentar na sua cadeira, silenciosamente. (É bom lembrar que a professora ainda estava “batendo boca”) Indignada ela perguntou à minha amiga: _Fulana, quem te deu permissão para sair da sala? Para fora tu, também. Vá falar com o diretor! Olhei para minha amiga que estava surpresa, pois havia pedido para ir ao banheiro, e sua cara era, realmente, de espanto.

Foi quando levantei-me para defender minha amiga e falei o que bem pensei para a professora. Disse que ela era uma irresponsável por deixar todo mundo fazer o que queria na sala de aula. Que, por ser esposa do diretor, deveria dar exemplo. Que a minha amiga tinha pedido para sair e que, como estava aos berros gritando feito uma louca não escutou. Quando eu disse isso, ela olhou para mim e pensei que ia me fuzilar. Foi um olhar que nunca vou esquecer. Olhos pretos e pequenos, sobrancelha baixa, mostrando como era forte a sua raiva. Então, ela me olhou e disse: _ E tu, Matheus, por ser líder da turma deveria dar exemplo e respeitar os professores. Para fora tu, também. Pronto! A “cagada” estava feita. Meti-me no “rolo” para defender uma amiga e acabei deixando ela dentro da sala de aula e eu é que fui assinar ocorrência. Sim, ela se deu bem e se fez de louca, acho. Sentou-se na sua cadeira, baixou a cabeça e ficou bem quietinha. A professora nem a viu.

Olhando os álbuns, no Orkut, desta amiga que falo me deu saudade dos tempos em que podíamos aprontar umas destas. Podíamos nos reunir na casa de um amigo, enquanto seus pais trabalhavam, para fumar cigarros escondidos. Tomar chimarrão à tarde, na casa de um amigo, o qual considero como um irmão (com este não perdi o contato), e que morava na frente da minha casa, era sagrado. Ando com saudade dos tempos de colégio. Não estou reclamando do tempo de agora, o da faculdade. Só estou dizendo que era muito bom o tempo em que nos reuníamos nas casas dos outros para jogar o papo pro ar de tarde, aliás, cedo da tarde. Coisa que hoje não podemos fazer mais. Motivos: não estamos mais juntos. Um amigo está numa cidade o outro em outra cidade e o outro em outra e um ou dois ficaram na cidade em que deu origem à nossa amizade. E, também, que agora além da faculdade, trabalhamos. O que torna mais difícil a convivência com amigos pela tarde. A não ser, claro, aos finais de semana.

Lembrei de várias coisas. Várias cenas vieram à tona na minha mente e não consegui segurar o choro. Chorei muito. Como há uns bons meses não chorava. Um dos motivos foi a lembrança do nosso pacto. Nunca deixaríamos de nos falar. Ah, que tolice a nossa que não conhecíamos a vida quando fizemos este pacto. Quando vi que a coisa foi profunda fui até o quarto de minha mãe e pedi que fosse ao meu quarto. Desabei. Chorei no ombro dela sem me preocupar com a camiseta que a mesma usava, que estava ficando ensopada das lágrimas que caiam. Contei o motivo do choro e ela chorou junto. Disse que também sente saudade dos tempos de colégio e da faculdade. Isso é normal, dizia, tentando consolar-me. Fiquei um pouco mais calmo e comecei a escrever alguma coisa sobre isto. Em seguida, entra o meu pai no quarto. Comecei a chorar de novo. Primeiro perguntou o motivo do choro. Expliquei tudo de novo, mais detalhadamente. E ele começou a falar. Falou, falou, falou. Acalmou-me. Confortou-me. Consolou-me. Adorei aquele momento. Depois, xingou-me. Disse que deveria te-lo chamado antes de sua mãe e que deveria confiar mais nele. Confio nele, mas parece que minha mãe tem mais sensibilidade. Amo os dois. Devo corrigir isso e passar a conversar mais com meu pai.

Os dois, tanto a mãe como o pai, falaram a mesma coisa. O meu pai de uma maneira mais delicada, apesar de não ser tão delicado. Minha mãe falou de uma maneira mais “jornalística” como, por exemplo: morre fulano de tal. Ou seja, à queima roupa. O que eles disseram? Que tudo são fases! Daqui a pouco não vou mias manter contato nem com meus amigos de Rio Grande, cidade onde resido, atualmente. Que a vida nos leva a caminhos inesperados e que a rotina que queríamos ter nem sempre é a que seguimos diariamente. Aí fu...! Se, já estava triste por não manter mais contato com alguns amigos de infância, receber a notícia que mais tarde não vou manter contato mais com os amigos de Rio Grande, foi um chute no local mais sensível dos homens. Pô, então quer dizer que vou ficar com saudade ao quadrado daqui mais um tempo? Sim, pois, dos meus amigos de infância e dos meus amigos de faculdade! Vou ter de ir a um psicólogo desde já. (risos).

Escrevendo um pouco melhorei da tristeza. Acho que o “ensinamento” dos meus pais, apesar de ser chocante, me tranqüilizou. Não sei como! Não carrego arrependimentos do que fiz, quando mais novo, em Rosário do Sul, cidade onde conquistei os amigos dos quais falo. Pelo contrário, alegro-me de ter feito as bobagens que fiz, as burradas que fiz e os erros graves que cometi. Aprendi com eles. Também, agradeço por ter feito coisas boas. A maioria foi coisa boa, mesmo. Mas, a questão não é arrependimento! É saudade! Ô coisinha que dói no peito, não é!? Tem coisa que dói mais? Não estou falando fisicamente.

É, mas a vida é assim, como dizem meus pais. A vida é feita de fases. Que coisa horrível e dolorida essa vida de fases. Então, concluo que o negócio é não perder o contato com os amigos. Todos eles! Os de infância, os da faculdade, os do trabalho, os do clube, enfim. Pois, se a cada fase os amigos mudam, cada vez teremos mais amigos. Por isso, melhor para nós. Porém, a convivência diária ou quase diária com uns não haverá mais e é disto que estou falando. Das risadas, dos deboches, dos porres, dos cigarros escondidos, das piadinhas sem graça, das gírias, enfim. Falo destas coisas. Falo da saudade e da amizade.

Enfim, Habilitado.

Hoje posso dizer que estou mais feliz que os dias anteriores da minha vida. Tenho 21 anos de idade e nunca fui tão feliz como estou agora. O motivo é simples: eu tenho CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Era desagradável sair com o carro dos meus pais ou de quem quer que fosse e andar pelas ruas se cuidando. Procurando um policial. Sempre vendo uma quadra antes. Era péssimo! Eu nunca ficava tranqüilo. Estava sempre preocupado. E se batessem no carro? Meu nome não constava no seguro do veículo. Como provaríamos que era meu pai que estava na festa freqüentada somente por universitários de no máximo 30 anos? Seria engraçado! Meu pai não é muito de sair em locais em que ele provavelmente se sinta deslocado, óbvio, ninguém gosta, mas seria, no mínimo, engraçado ver meu pai no Bauhaus (uma festa que tem na praia do Cassino, lugar onde vivo). Eu, sinceramente, adoraria sair com os meus pais e levá-los nesses lugares que eu freqüento com meus amigos e colegas de faculdade. E, falando nisso, ontem saí para a noite pela primeira vez com minha carteira de motorista. Foi como se estivesse inserido na sociedade. (risos). Foi como se pela primeira vez as pessoas estivessem me notando, me olhando, me reconhecendo. É bobagem, eu sei! Mas foi tão bom. Foi bom porque saí sem medo dos brigadianos e com certo ar de liberdade, pois peguei o carro e os meus pais apenas me perguntaram aonde eu ia. Não teve aquele papo melodramático da minha mãe dizendo que fica preocupada comigo e nem meu pai falando que os policiais poderiam me pegar e a multa seria alta e o processo da minha carteira estaria acabado. Foi algo que nunca tinha sentido. Uma mistura de liberdade, com um certo ar de superioridade. Uma coisa muito louca! Muito boa! Também, não posso deixar de falar que a companhia era perfeita. Patrícia, o nome dela. Uma loira não muito alta, com olhos claros e um corpo muito bonito. Não poderia estar melhor, não é!? Um papo legal e muitas risadas na madrugada de sexta-feira. Minha noite estava ótima. Encontrei alguns amigos que não falava há tempos. Combinamos umas saídas juntos para botar o papo em dia e nos divertirmos um pouco. Levei, de carro, (não me canso de dizer) a Patrícia no Larus. Um barzinho que tem no Cassino. Para mim é a melhor festa que Rio Grande oferece aos baladeiros. Estava realizado. Talvez, para outras pessoas isto pode ser bobo e passar despercebido, mas pense bem: para um jovem de 21 anos, com a testosterona a mil, com um monte amigos e muitas festas acontecendo, ir a pé não é muito legal, não é? Pois é! Claro que se eu for beber não vou me atrever a pegar o carro, por dois motivos: eu quero viver mais alguns anos e se os policiais me atacam em uma possível blitz eu to f... frito! (risos). Porém, agora que estou regularizado com os meus plenos direitos de dirigir, até o momento não vi uma blitz se quer. Que droga! Adoraria se um policial me barrasse e me pedisse minha CNH e os documentos do veículo. No momento ficaria nervoso procurando os documentos do veículo, pois não sei onde meu pai os guarda dentro do carro. (risos). É bobagem, mas é o que eu penso e o que gostaria que acontecesse. Era isso, dividi um pouco de bobagem e felicidade com vocês. Vai entender a cabeça de um jovem...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Pai, Mãe e Filho

Num dia de domingo ele chega em casa de manhã. Carlos tem apenas dezenove anos. Um adolescente do tipo rebelde sem causa. Sua mãe e seu pai o esperaram toda a noite, mas o guri não chegara. É normal jovens saírem e não terem hora para voltar, afinal, têm de aproveitar suas jovialidades, testosteronas e progesteronas. Carlos está cansado e um pouco embriagado. Passara a noite com os amigos da faculdade, num churrasco na casa de um deles. Seus pais não conhecem seus amigos, mas ouvem o filho falar constantemente sobre os mesmos. Ele chega e vai imediatamente para o seu quarto. Lá, entra, fecha a porta, tira a roupa e se joga na cama pensando na noite que tivera, nas bobagens que falara com seus amigos e nas risadas e gargalhadas que soltara. Dorme pensando e quase rindo. É meio dia quando sua mãe bate na porta do quarto.
_ Carlinhos, o almoço está pronto. Você vem almoçar?
O silêncio predomina. Ela não escuta nenhuma resposta do filho que não acordara com as batidas na porta e nem com o chamado. Então, entra no quarto, chega perto da cama e diz, em tom baixo:
_ Meu filho, o almoço está pronto e estamos te esperando para almoçar. Acorda! De tarde você segue dormindo, ok?
Ele acorda, não abre os olhos, se espreguiça com um gemido alto e manhoso. Daí abre os olhos e diz que já está indo. Sua mãe sai do quarto e fecha a porta. Ao contrário do que ela pensava, Carlos não se levantou para almoçar. Ela retorna ao quarto do menino uma hora depois e pede que se levante para comer algo e insiste que à tarde ele continuará dormindo. Então ele se levanta e vai ao banheiro. Carlos senta à mesa para almoçar e seus pais começam uma conversa, indagando-o sobre a noite, sobre a faculdade, sobre sua vida. Carlos não está com muita vontade de falar, pois está de ressaca, mas mesmo assim responde para seus pais, às vezes por monossílabos. A tarde chega e o guri se arruma para sair com os amigos.
_ Pai, mãe, vou dar uma voltinha com os guris. Daqui a pouco volto, ok?
Seus pais dizem que não há problemas, afinal o jovem precisa de uma vida social. A noite chega e Carlos também. Seu pai lhe chama a atenção por não passar mais tempo com eles e começa uma discussão. Sua mãe fica meio triste com a situação. Ela tenta entender os dois. Consola um. Depois consola o outro. Ela odeia quando eles discutem. A família, enfim reunida senta à mesa para a última refeição do dia. Eles conversam um pouco mais e depois vão para a sala assistir o final do Fantástico. Carlos lembra da sua infância e deita a cabeça no colo de sua mãe. Ela começa a fazer carinho, um cafuné sincero. O filho, rebelde sem causa, que na verdade não é rebelde, adora receber carinhos dos pais. Sua mãe continua fazendo carinho no filho amado e o pai continua conversando. Os três estão felizes, pois por mais que Carlos fique longe de casa, ele adora se sentir acolhido por seus pais. Falam sobre política, criminalidade e futebol. Alguma piadinha sobre o cotidiano sempre há nesses momentos. Já passa da meia noite e todos estão com sono. Por fim, um beijo nos dois e um abraço de boa noite. Mais carinho. De repente o filho diz que os ama e ouve dos dois o mesmo. Pronto! Era só o que ele queria ouvir para a noite estar completa. Mais um dia termina. Mais uma família normal. Mais amor. Mais carinho que nunca acabará. Carinho e amor de pai, mãe e filho.